Aviões da força aérea israelita bombardearam, esta quarta-feira, o quartel-general das forças armadas sírias, num dos pontos mais sensíveis da capital, a poucos metros do palácio presidencial. Israel diz que agiu para proteger a comunidade drusa junto à fronteira e manter a região fronteiriça desmilitarizada.
Os bombardeamentos que abalaram o centro de Damasco, e que acabariam por ser transmitidos em direto pela Aljazeera, a influente rede de televisão estatal do Qatar, terão apanhado de surpresa o novo regime sírio.
Sem esperar pelos tempos da diplomacia, Telavive, que nos últimos dois dias tinha atacado posições sírias junto à fronteira israelita, decidiu enviar esta mensagem inequívoca de que não vai tolerar uma presença militar de Damasco em território que considera estratégico e onde vive uma parte da minoria árabe drusa, que Israel diz ter a obrigação de proteger.
Sudoeste da Síria sob tensão
Nos últimos dias, a zona de Sweida, no Sudoeste da Síria, foi palco de violência sectária entre milícias drusas e beduínas, que Israel diz serem uma das bases de apoio do movimento que derrubou o regime de Bashar Al Assad, no final de 2024.
Com a região em ebulição, Damasco decidiu enviar forças para esta zona de fronteira, onde Telavive não quer qualquer presença militar susceptível de ser considerada uma ameaça à segurança de Israel.
Depois do anúncio de um cessar-fogo que não foi respeitado, cerca de três centenas de pessoas, a maioria da comunidade drusa, terão morrido em combates com tropas governamentais sírias.
Israel pode abrir nova frente de guerra
Depois de Gaza, do Líbano e do Irão, Israel pode estar a abrir uma nova frente de guerra. O ataque foi condenado pelo Conselho de Cooperação do Golfo, formado por seis países do Golfo Pérsico, como o Qatar e a Arábia Saudita.
A organização classificou os bombardeamentos sobre Damasco como uma flagrante violação da soberania síria e uma ameaça à estabilidade e segurança de toda a região.
Entretanto, as milícias drusas e as forças governamentais sírias anunciaram um novo cessar-fogo.
Em dezembro de 2024, durante a queda da dinastia Assad, as forças israelitas lançaram sobre a Síria centenas de ataques que visaram aniquilar os arsenais de armamento do país, pelo que a capacidade de resposta militar da nova liderança em Damasco, estará limitada.
Estará também politicamente condicionada pelas relações diplomáticas e económicas que tem procurado fomentar.