Guerra no Médio Oriente

Israel ameaça tomar "medidas unilaterais" se Ocidente reconhecer Estado da Palestina

Os apelos à criação de um Estado palestiniano têm-se intensificado nos últimos meses e refletem o aumento das preocupações com as condições humanitárias cada vez mais insustentáveis que os palestinianos enfrentam em plena guerra de Israel contra o grupo islamita Hamas.

Israel ameaça tomar "medidas unilaterais" se Ocidente reconhecer Estado da Palestina
Ida Marie Odgaard/Reuters

Israel ameaçou este domingo tomar "medidas unilaterais" casos os países ocidentais reconheçam o Estado palestiniano, o que já vários fizeram nos últimos meses e outros tantos prometeram fazer no final do mês, durante a 80.ª Assembleia Geral da ONU.

A ameaça foi feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, durante uma visita a Jerusalém do seu homólogo dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen.

"Não podemos separar a questão da soberania da paz, porque isso tornaria a paz ainda mais difícil de alcançar", afirmou o ministro.

"Isso levará Israel a tomar medidas unilaterais também", avisou.

Embora não tenha especificado quais as medidas unilaterais em causa, Israel aprovou, em agosto, um grande projeto para construir 3.400 habitações numa zona da Cisjordânia que a comunidade internacional acredita ameaçar a viabilidade de um futuro Estado palestiniano.

Na altura, o ministro israelita de extrema-direita Bezalel Smotrich também alertou os líderes europeus de que reconhecer um Estado palestiniano em setembro levaria à "aplicação da soberania israelita sobre todas as partes da Judeia e Samaria", o nome que Israel usa para a Cisjordânia.

Segundo disse Gideon Saar, os países que reconheceram ou anunciaram a sua intenção de reconhecer a Palestina como um Estado estão a "prejudicar as hipóteses de paz".

"A Europa enfrenta desafios estratégicos e de segurança. Precisa de Israel tanto como Israel precisa da Europa", defendeu o ministro, acrescentando que "a Autoridade Palestiniana não merece um Estado com base nas suas ações", porque, apesar do compromisso de combater o terrorismo consagrado nos Acordos de Oslo, "não fez nada".

Por isso, criticou ainda, os Estados que pretendem avançar nesse objetivo estão a "recompensar e encorajar o terrorismo com uma doutrina de pagamento por assassinato, pagando salários a terroristas e a famílias de terroristas".

Gaar instou ainda o seu homólogo dinamarquês a não "ignorar esta realidade", mas Rasmussen lembrou que a posição oficial dinamarquesa é a de que só reconhecerá um Estado palestiniano após um acordo negociado entre as partes.

"Ainda não estamos prontos para o reconhecimento, mas a nossa posição é de que não podemos permitir que alguém tenha um veto de facto sobre a posição dinamarquesa", disse.

Os crescentes apelos à criação de um Estado palestiniano têm-se intensificado nos últimos meses e refletem o aumento das preocupações com as condições humanitárias cada vez mais insustentáveis que os palestinianos enfrentam em plena guerra de Israel contra o grupo islamita Hamas.

A devastadora campanha militar israelita, que já dura há quase dois anos e que teve início após o ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, destruiu grandes áreas da Faixa de Gaza e limitou severamente a ajuda ao enclave, empurrando os palestinianos para a fome.