O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deverá anunciar este domingo a decisão quanto ao reconhecimento de um Estado palestiniano, disse o vice-primeiro-ministro, David Lammy, em declarações às televisões BBC e Sky News.
Starmer tinha afirmado em julho que Londres reconheceria o Estado da Palestina, a menos que Israel assumisse uma série de compromissos, incluindo a implementação de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"O primeiro-ministro anunciará a sua decisão mais tarde, avaliando se essas condições foram cumpridas", disse Lammy, que até ao início de setembro chefiou a diplomacia britânica, em declarações à BBC.
Lammy precisou à Sky News que "qualquer decisão de reconhecer um Estado palestiniano, caso seja tomada hoje, não significa que esse Estado passe a existir de um dia para o outro".
Justificou que o reconhecimento poderá ajudar a manter viva a perspetiva de uma solução de dois Estados, Israel e Palestina.
Referiu também que é errado identificar o povo palestiniano com o movimento extremista Hamas, segundo a agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP).
"Fomos muito claros: o Hamas é uma organização terrorista e não pode haver qualquer papel para o Hamas", insistiu Lammy.
Desde julho, "com o ataque [de Israel] ao Qatar, a ideia de um cessar-fogo nesta fase foi por água abaixo e as perspetivas são sombrias", afirmou também na Sky News.
"O reconhecimento de um Estado palestiniano é uma consequência da grave expansão que observamos na Cisjordânia", disse Lammy, também citado hoje pela agência de notícias britânica Press Association.
Lammy referiu a "violência dos colonos" israelitas e o projeto E1, já aprovado pelo Governo israelita, para a construção de 3.400 habitações na Cisjordânia, denunciado pela ONU, uma vez que dividiria este território palestiniano em dois.
"No que diz respeito ao que está a acontecer em Gaza, temos de ver os reféns libertados", afirmou.
Portugal reconhece Estado da Palestina esta noite
A confirmar-se, o Reino Unido vai juntar-se a Portugal, que vai hoje proceder ao reconhecimento oficial do Estado da Palestina, durante uma cerimónia que se realizará em Nova Iorque.
A declaração formal será feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, na missão de Portugal junto das Nações Unidas, pelas 15:15 locais (20:15 em Lisboa).
A declaração de reconhecimento de Portugal e provavelmente do Reino Unido ocorrerá ainda antes da conferência de segunda-feira, organizada pela França e Arábia Saudita na sede das Nações Unidas, sobre a solução dos dois estados.
Cerca de três quartos dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano proclamado pela liderança palestiniana no exílio em 1988.
A guerra em curso na Faixa de Gaza teve como causa direta o ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva israelita que se lhe seguiu provocou mais de 65.200 mortos na Faixa de Gaza e Israel foi acusado de genocídio por entidades independentes da ONU, relatores de direitos humanos, organizações não-governamentais e um número crescente de países.
A ONU declarou uma situação de fome no norte da Faixa de Gaza em agosto, no primeiro caso do género ocorrido no Médio Oriente.