Guerra no Médio Oriente

Meloni critica flotilha humanitária para Gaza: "Gratuita, perigosa e irresponsável"

A primeira-ministra italiana condenou os alegados ataques com drones contra a frota e apelou à responsabilidade de todos, especialmente dos parlamentares italianos a bordo.

Meloni critica flotilha humanitária para Gaza: "Gratuita, perigosa e irresponsável"
Eva Manez // Reuters

A primeira-ministra italiana criticou esta quarta-feira a flotilha que pretende levar ajuda a Gaza, uma iniciativa que classificou de "gratuita, perigosa, irresponsável", ao mesmo tempo que condenou os "ataques com drones" contra a frota humanitária.

"Tudo isto é gratuito, perigoso, irresponsável", afirmou Giorgia Meloni.

A Flotilha Global Sumud, atualmente ao largo da costa grega, denunciou que na noite de terça-feira foram ouvidas 11 "explosões intimidatórias", que danificaram velas e mastros de alguns navios, mas sem registo de feridos.

"Não se deve arriscar a própria segurança, não é necessário ir a um teatro de guerra para entregar ajuda a Gaza, que o Governo italiano e as autoridades competentes poderiam ter entregado em poucas horas", acrescentou a líder do executivo à imprensa italiana em Nova Iorque, poucas horas antes de intervir na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Meloni lançou um apelo "à responsabilidade de todos, especialmente dos parlamentares italianos", quatro deputados italianos estão a bordo da flotilha.

O chefe da diplomacia e vice-primeiro-ministro italiano, Antonio Tajani, está a trabalhar numa proposta de mediação com as autoridades israelitas.

Segundo a primeira-ministra, o plano envolve canalizar a ajuda para Chipre e, posteriormente, ao Patriarcado Latino de Jerusalém, que assumirá a responsabilidade pela entrega da ajuda alimentar.

"Estamos à espera de uma resposta da flotilha", adiantou.
"E aqui apelo verdadeiramente à responsabilidade de todos, porque não podemos arriscar a segurança das pessoas empreendendo iniciativas que parecem destinadas principalmente não a entregar ajuda, mas a criar problemas ao governo", comentou Meloni.

O Governo israelita afirmou na segunda-feira que não permitiria que a flotilha chegasse a Gaza, onde está quase há dois anos em curso uma guerra, propondo-lhe atracar no porto da cidade israelita de Ascalon, a norte do enclave palestiniano, e transferir a ajuda, que afirmou se encarregaria de fazer chegar ao destino.

A proposta israelita já foi rejeitada pela flotilha, que considerou que seria uma estratégia para "obstruir de forma deliberada" a entrega da ajuda humanitária que transporta.

Por outro lado, o Brasil condenou "o injustificado ataque de drones, em águas gregas, às embarcações da Flotilha Global Sumud, que conta com nacionais brasileiros e brasileiras entre os tripulantes, incluindo parlamentares".

Um dos participantes é o ativista Thiago Ávila, que já tinha sido detido pelas autoridades israelitas numa tentativa anterior de fazer chegar ajuda humanitária a Gaza, em junho.

Na nota, o executivo presidido por Lula da Silva reitera que "são inadmissíveis atos violentos contra a flotilha, como o verificado na noite de ontem [terça-feira]".

Brasília reiterou o "caráter pacífico e humanitário da flotilha" e instou "novamente" as autoridades israelitas "a não realizar qualquer tipo de ação que ponha em risco" a segurança dos civis e das embarcações.

As autoridades brasileiras afirmaram estar em contacto com congéneres gregas para "o devido apuramento do episódio", reforçando "a importância de que a liberdade de navegação seja assegurada".

A Flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo a ecologista sueca Greta Thunberg e três portugueses (a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício), é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.


Com LUSA