Guerra Rússia-Ucrânia

Erdogan falou com Putin por telefone e deixou um aviso

Presidente turco disse que a Turquia está pronta para ajudar a reduzir a tensão

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, avisou esta quarta-feira o homólogo russo, Vladimir Putin, por telefone, que a Turquia nunca reconhecerá “qualquer medida que afete a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, anunciou a Presidência turca.

Erdogan também disse a Putin que “um conflito militar não ajudará ninguém” e que tenciona continuar a explorar as vias diplomáticas na questão ucraniana, informou a Presidência turca, citada pela agência francesa AFP.

“A Turquia não reconhecerá qualquer medida que afete a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, disse Erdogan a Putin durante o telefonema, cuja duração não foi referida pela Presidência turca.

O Presidente da Turquia apelou a Putin para que “seja encontrada uma solução com base nos Acordos de Minsk”, de 2014 e 2015, sobre a guerra na região do Donbass, no leste da Ucrânia.

Erdogan reafirmou o seu “empenho na continuação dos contactos e conversações diplomáticas” e assegurou que a “Turquia está pronta a fazer a sua parte para reduzir a tensão”.

Presidente turco considera “inaceitável” reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk

A Rússia reconheceu na segunda-feira a independência de Lugansk e Donetsk, numa decisão vista pelo Ocidente como um sinal de uma nova invasão da Ucrânia. Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para Donetsk e Lugansk, fazendo aumentar o receio de uma ofensiva da Rússia no leste da Ucrânia.

Erdogan já tinha considerado inaceitável o reconhecimento por Moscovo da independência de Donetsk e Lugansk, numa primeira reação na terça-feira.

Contudo, em declarações feitas no avião que o transportou do Senegal na terça-feira à noite, deixou claro que não tencionava romper com a Rússia e com a Ucrânia.

“Não é possível. Temos relações políticas e militares com a Rússia. Também temos relações políticas, militares e económicas com a Ucrânia”, justificou Erdogan aos jornalistas que o acompanhavam.

“Queremos que a questão seja resolvida sem termos de escolher entre os dois”, insistiu.

A Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), está próxima de Kiev, à qual vendeu ‘drones’ (aviões não tripulados) militares.

Também está muito dependente de Moscovo para o seu fornecimento de energia e cereais, entre outros bens, e adquiriu um sistema russo de defesa antimísseis S-400.

Erdogan ofereceu a sua mediação para evitar um conflito entre a Ucrânia e a Rússia, países que, tal como a Turquia, se situam nas margens do Mar Negro.