Cinquenta países, incluindo Portugal, subscreveram nas Nações Unidas uma declaração sublinhando que “Putin é o agressor” da Ucrânia, e prometendo levar a condenação da Rússia à Assembleia Geral da ONU, depois do veto russo a uma resolução do Conselho de Segurança.
“O presidente Putin escolheu violar a soberania da Ucrânia. O presidente Putin escolheu violar a lei internacional. O presidente Putin escolheu violar a Carta da ONU. O presidente Putin optou por lançar bombas em Kiev, para forçar as famílias a fazer as malas e abrigarem-se em estações de metropolitano. O presidente Putin é o agressor aqui. Não há meio termo”, refere a declaração conjunta, divulgada após o veto russo a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a agressão da Rússia à Ucrânia
Sendo um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (P5), a Rússia tem poder de veto nas votações.
A Rússia vetou esta quinta-feira uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenando a sua agressão à Ucrânia, isolada numa votação que alcançou 11 votos a favor e três abstenções, incluindo da China.
Em causa está uma resolução copatrocinada pelos Estados Unidos e Albânia, condenando a Rússia, “nos termos mais fortes”, pela sua “agressão contra a Ucrânia” e pedindo-lhe que retire “imediatamente” as suas tropas daquele país vizinho.
A declaração divulgada após o veto foi lida no Conselho de Segurança da ONU pela Embaixadora Linda Thomas-Greenfield, representante norte-americana nas Nações Unidas, em nome de 50 países, incluindo Portugal.
“Acreditamos que temos uma responsabilidade particular de enfrentar esta violação da Carta da ONU porque a Rússia é um membro permanente do Conselho de Segurança que é culpado. Aqueles de nós que estão aqui hoje continuam a acreditar no dever solene e no propósito mais elevado do Conselho de Segurança – prevenir conflitos e evitar o flagelo da guerra”, refere a declaração.
“A Rússia abusou hoje [quinta-feira] do seu poder para vetar a nossa forte resolução. Mas a Rússia não pode vetar as nossas vozes. A Rússia não pode vetar o povo ucraniano. A Rússia não pode vetar o seu próprio povo protestando contra esta guerra nas ruas. A Rússia não pode vetar a Carta da ONU. A Rússia não pode e não irá vetar a responsabilização”, adianta.
Alguns dos países subscritores:
- Albânia
- Austrália
- Áustria
- Bélgica
- Bulgária
- Canadá
- Colômbia
- Croácia
- Chipre
- República Checa
- Dinamarca
- Estónia
- Finlândia
- França
- Geórgia
- Alemanha
- Grécia
- Hungria
- Irlanda
- Itália
- Japão
- Letónia
- Lituânia
- Montenegro
- Holanda
- Nova Zelândia
- Noruega
- Polónia
- Portugal
- República da Coreia
- Roménia
- Eslováquia
- Eslovénia
- Espanha
- Suécia
- Reino Unido
A resolução vetada responsabilizava a Rússia pela sua agressão contra a Ucrânia, apelando à proteção de civis, incluindo crianças, e pedindo a facilitação de assistência humanitária rápida, segura e desimpedida aos necessitados.
“Esta resolução foi vital e direta. Fundamentalmente, tratava-se de saber se os países do Conselho de Segurança – encarregados de manter a paz e a segurança internacionais – acreditam na defesa da Carta da ONU. A Carta da ONU foi escrita com o propósito expresso de evitar uma guerra como a que o presidente Putin acabou de começar. Esta guerra trouxe, nos seus primeiros dias, perdas devastadoras de vidas – e só a Rússia é responsável”, adianta a declaração.
Os signatários prometem ainda levar este assunto à Assembleia Geral da ONU, “onde o veto russo não se aplica”.