O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, apresenta linhas de apoio em vários setores, embora preveja um crescimento económico em Portugal, e adianta que “a Rússia não tem um grande peso nas nossas exportações”.
Siza Vieira começa por referir que “estas sanções [económicas à Rússia] são uma mensagem muito clara daquilo que é a posição dos membros da comunidade europeia e da comunidade internacional no seu conjunto”, perante um comportamento e uma invasão “condenáveis”.
“Também tem um sentido de pressão sobre a economia russa, no sentido de fazer sentir que é um preço a pagar por este comportamento”, acrescenta.
Lembrando que “uma guerra gera sempre incertezas e perturbações dos circuitos económicos”, admite que o pacote de sanções tenha efeito sobre “alguns circuitos de abastecimento”, o que se sentirá “sobre a economia europeia e a economia global”.
“Estamos convencidos de que vai haver um impacto significativo no custo da energia”, diz, alertando, igualmente, para um possível aumento de preços “no acesso a bens alimentates, a matérias primárias importantes”, nomeadamente minerais, o que vai “ter impacto na economia”. No entanto, diz que “os preços da energias nos mercados internacionais não se repercutem nos preços aos consumidores”.
O ministro da Economia assegura que Portugal está “em articulação muito próxima com todos os Estados-membros da União Europeia” para “avaliar o impacto e preparar respostas”.
Relativamente aos casos do petróleo e do gás, admite uma menor exposição e dependência à Rússia, contudo, lembra que a GALP deixou de adquirir gás à Rússia.
Siza Vieira aponta, também, “um esforço muito grande na redução das tarifas de acesso às redes” e o alocamento de “150 milhões de euros em transferências para o setor elétrico nacional, no sentido de amortecer os custos da eletricidade”.
Em relação ao gás natural, confessa que o Governo se encontra “a preparar alguns pacotes na indústria da cerâmica, do vidro e em algumas componentes da indústria têxtil”, para “facilitar o acesso a liquidez, apoiar a manutenção do emprego e amortecer o preço do gás”.
Lembrando que os setores mais afetados são diferentes daqueles que mais necessitaram de apoio nas fases mais críticas da pandemia de covid-19, desvaloriza ainda o impacto nas exportações para a Rússia.
“A Rússia não tem um grande peso nas nossas exportações, é o 33.º ou 34.º dos nossos clientes. Não creio que tenha impacto muito significativo nas exportações”, acrescenta, sem, contudo, esquecer que existem “mercados importantes, como a Alemanha, que podem ter alguma retração ou um crescimento menos significativo” nas importações vindas de Portugal.
“Para os próximos meses, temos incertezas, desde logo influenciadas pela segurança na Ucrânia”, sublinha.
Embora aponte um menor ritmo de recuperação da economia europeia, confessa que o Governo continua “a antecipar, nesta altura, que vá haver um crescimento económico, e que Portugal, aliás, seja das economias menos afetadas com esta situação”.
“Continuamos a ter perspetivas de crescimento robusto, embora menos forte do que pensámos há umas semanas atrás”, termina.