Numa conferência de imprensa, em Kiev, o Presidente da Ucrânia afirmou esta quinta-feira, oitavo dia da invasão russa, que só há uma forma de parar a guerra. Qual? Ele próprio conversar diretamente com Vladimir Putin.
“Temos de falar incondicionalmente, sem rancor, como os homens. Sente-se à mesa comigo para negociar, mas não a 30 metros de distância. Sou um homem normal, não mordo. De que tem medo?“. Foi desta forma que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu ao homólogo russo para dialogarem, considerando que esta é a única forma “de parar a guerra”.
“O Exército russo é mais de cinco vezes maior do que o ucraniano. Nós estamos a defender a nossa esperança. Não queremos morrer, nem queremos matar”, disse Volodymyr Zelensky, revelando que “os nossos médicos estão a socorrer os prisioneiros russos”.
As ações russas “são o fim do mundo. (…) Nós somos o muro entre a Rússia e a civilização. A Rússia tem pessoas como nós mas que têm medo de sair à rua e dizer ao Presidente [Putin] o que pensam”, contestou, alertando que “se a Ucrânia cair, a Rússia seguirá para o Báltico (…) até ao Muro de Berlim, acreditem em mim”.
Garantindo que “se não fosse presidente talvez estivesse no campo de batalha, a disparar armas”, Zelensky reiterou que os ucranianos não estão “a tirar nada de ninguém, mas sim a defender o seu país”.
Questionado sobre se conseguirão fazer frente aos russos, o Presidente ucraniano diz não saber, mas tem uma certeza não vai sair de Kiev, reiterando que aquilo que quer para o seu país é “paz”.
“Temo pela minha vida e pela vida da minha família, mas sou o Presidente da Ucrânia e não posso ter medo“, afirmou.
Aos ocidentais que imponham uma zona de exclusão aérea no seu país desafiou-os, exclamando: “Se não têm força para fechar o céu, então deem-nos aviões!“.
Esta conferência em Kiev ocorreu ao mesmo tempo que, na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, as delegações da Ucrânia e da Rússia estão, de novo, sentadas à mesma mesa para uma segunda ronda de negociações.
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