Pelo menos 2.500 pessoas que se manifestavam contra a intervenção militar na Ucrânia foram este domingo detidas em cerca de 50 cidades da Rússia, segundo a organização não-governamental (ONG) OVD-Info, especialista em monitorizar manifestações.
#Russia More than 2000 people have been detained in Russia during anti-war protests. This is Moscow. This man is singing the state anthem of #Ukraine pic.twitter.com/4rndvpdK2v
— Hanna Liubakova (@HannaLiubakova) March 6, 2022
Segundo esta fonte, perto de 11 mil manifestantes foram detidos no país desde 24 de fevereiro, data do início das operações militares na Ucrânia.
Apesar da intimidação das autoridades e da ameaça de pesadas penas de prisão, as ações de protesto, ainda que limitadas, têm vindo a acontecer diariamente, nos últimos 10 dias, em diferentes cidades russas.
O principal opositor do regime, Alexei Navalny, atualmente preso e que se opõe firmemente à intervenção na Ucrânia, pediu esta semana aos russos que se reúnam todos os dias na praça principal da sua cidade para exigir a paz.
Em Moscovo, pelo menos 560 pessoas foram este domingo presas, informou a OVD-Info, incluindo um dos líderes da ONG Memorial, Oleg Orlov, e a conhecida ativista Svetlana Gannouchkina.
De acordo com a ONG, pelo menos 279 pessoas também foram detidas em São Petersburgo (norte), onde uma das praças centrais foi isolada pela polícia.
Vários ativistas e ONG postaram vídeos nas redes sociais mostrando detenções brutais com recurso a cassetetes.
🇷🇺 Com cassetetes e armas de choque, policiais apreendem manifestantes durante protesto em São Petersburgo contra a guerra da Ucrânia.pic.twitter.com/SoZXGtApBs
— Eixo Político (@eixopolitico) March 6, 2022
Segundo a OVD-Info, mais de 200 pessoas foram também interpeladas nas cidades de Novosibirsk e Yekaterinburg.
Para impedir qualquer crítica ao conflito, as autoridades russas adotaram na sexta-feira uma nova lei que reprime “informações falsas” sobre as atividades do exército russo na Ucrânia. De acordo com o diploma, as penas a aplicar variam de uma multa a 15 anos de prisão.
Como resultado, órgãos de comunicação russos e estrangeiros anunciaram a suspensão das suas atividades na Rússia.
Quem se manifesta contra a presença militar russa na Ucrânia é, também, sistematicamente alvo de multas, ao abrigo de um novo artigo do código administrativo que proíbe ações públicas “que desacreditem as forças armadas”.
Segundo a agência noticiosa Ria Novosti, um residente na Sibéria foi a primeira vítima desta nova lei: foi multado em 60 mil rublos (450 euros) por ter incentivado manifestações contra a intervenção na Ucrânia.
Com LUSA.