A Ucrânia acusa a Rússia de violar o cessar-fogo e de ter bombardeado os corredores humanitários organizados para permitir a fuga de civis. Dos seis corredores negociados só funcionaram dois, nas cidades de Mariupol, a sul, e de Sumy, a norte.
Despedir-se dos filhos e da mulher é a primeira e a mais difícil batalha de qualquer soldado. Armado e fardado, este pai disse adeus à família que fugiu esta terça-feira de Irpin.
Sob frio e bombardeamentos intensos, centenas de pessoas saíram por sua conta e risco nas últimas horas de um subúrbio de Kiev constantemente flagelado pela artilharia russa.
Nos últimos dias, 10 mil pessoas terão fugido por este corredor humanitário improvisado sobre tábuas no rio gelado de Irpin. A ponte foi destruída pelo exército ucraniano para travar o avanço russo sobre a capital.
Entre os que fogem, há quem fuja da guerra pela segunda vez nos últimos oito anos.
Oficialmente, acabaram por funcionar, e com muitas limitações, apenas dois dos seis corredores humanitários negociados entre Kiev e Moscovo.
A norte, de Sumy, terão saído quase todos os quinhentos estudantes universitários estrangeiros. Africanos e asiáticos, foram surpreendidos pela violência dos bombardeamentos russos que cortaram as rotas de fuga.
A sul, junto ao mar de Azov, em Mariupol, entraram oito camiões e 20 autocarros para permitir a retirada de mulheres, crianças, idosos e feridos. Na cidade cercada há mais de uma semana há pelo menos 300 mil pessoas sem água potável, sem luz nem aquecimento.
A coluna, com destino a Zaporizhzhya, terá sido a única a sair de Mariupol. Logo depois da retirada, os ucranianos divulgaram imagens de um drone de vigilância. Segundo Kiev, durante a operação de evacuação terá havido bombardeamentos e avanço das colunas blindadas russas em clara violação das tréguas temporárias.
Em Mariupol, e noutras cidades ucranianas cercadas, há agora saques e pilhagens. O desespero e a luta pela sobrevivência começam já a marcar a vida dos que ficaram para trás.