Um ex-conselheiro do Kremlin, Arkadi Dvorkovitch, um dos raros responsáveis russos que criticou a ofensiva na Ucrânia, demitiu-se da direção de uma fundação económica pública, anunciou a instituição.
“Arkadi Dvorkovitch decidiu deixar as funções de presidente da Fundação Skolkovo e concentrar-se nos projetos educativos”, indicou esta entidade em comunicado.
Fundação Skolkovo
Fundada em 2010, a Fundação Skolkovo é um projeto estatal de inovação tecnológica destinada a criar o equivalente russo de Sillicon Valley e a diversificar uma economia muito dependente dos rendimentos dos hidrocarbonetos.
Vice-primeiro-ministro entre 2012 e 2018, Dvorkovitch, 49 anos, é também o atual presidente da Federação Internacional de Xadrez (FIDE), um desporto no qual a Rússia mantém uma importante influência.
As críticas
Desde o início da operação militar russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro, este antigo conselheiro do Kremlin é uma das raras vozes oficiais na Rússia a criticar publicamente as hostilidades na Ucrânia.
“As guerras são a pior coisa que uma pessoa pode enfrentar na vida. Todas as guerras, por todo o mundo. As guerras não tiram apenas vidas inestimáveis. Também matam as esperanças e aspirações, paralisam ou destroem as relações e os laços. Incluindo esta guerra”.
“Os meus pensamentos dirigem-se aos civis ucranianos”, acrescentou em entrevista ao ‘media’ norte-americano Mother Jones, precisando que Moscovo “iniciou” o conflito com a Ucrânia.
Citado no comunicado da Fundação Skolkovo, Arkadi Dvorkovitch não forneceu o motivo da sua saída.
No mesmo comunicado, Igor Shuvalov, presidente do conselho de administração da Fundação Skolkovo, argumentou ser “impossível nas atuais circunstâncias” que Dvorkovitch acumule estas funções com a de dirigente da FIDE.
Arkadi Dvorkovitch permanece presidente do conselho de vigilância do Rosselkhozbank, um importante banco público.
Andrei Turtchak, um alto responsável do partido de Vladimir Putin, apelou na quinta-feira ao afastamento de Dvorkovitch da Fundação Skolkovo ao acusá-lo de estar “do lado do inimigo” e contra os interesses do país.
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