Guerra Rússia-Ucrânia

Jornalista russa que interrompeu noticiário de telejornal novamente multada

Tem de pagar cerca de 460 euros por descredibilizar as Forças Armadas.

Jornalista russa que interrompeu noticiário de telejornal novamente multada

A jornalista russa Marina Ovsyannikova, que recentemente interrompeu o principal noticiário na televisão estatal russa para protestar contra a guerra na Ucrânia, foi multada em 50 mil rublos (cerca de 460 euros) por descredibilizar as Forças Armadas, foi esta sexta-feira divulgado.

Segundo a agência de notícias oficial russa TASS, a multa foi determinada pelo tribunal Ostankinski de Moscovo, ao abrigo de um código de infrações administrativas, que pune as ações públicas destinadas a descredibilizar as Forças Armadas russas.

O mesmo tribunal de Moscovo considerou a jornalista culpada de organizar ou realizar um evento público sem notificação, tendo deliberado a aplicação de uma outra multa no valor de 30 mil rublos (cerca de 250 euros).

Esta multa não foi imposta à jornalista pelo gesto que teve em direto na televisão russa, mas sim por um apelo que fez anteriormente à participação das pessoas em protestos não autorizados contra a guerra na Ucrânia.

Em 14 de março, Marina Ovsyannikova – filha de pai ucraniano e mãe russa – entrou no estúdio de televisão durante o noticiário Vremya (Tempo), do Canal 1, mostrando, atrás da pivot, um cartaz com a mensagem “Não à guerra. Ponham fim à guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos. Russos contra a guerra”.

Em seguida, foi detida pela polícia e, posteriormente, libertada. A jornalista deixou o canal de televisão em 17 de março, por sua vontade, conforme declarou numa entrevista à emissora France 24.

Em 20 de março, Marina Ovsyannikova voltou a apelar ao povo russo para que denunciasse a ofensiva do exército de Moscovo na Ucrânia.

“Os tempos são muito sombrios e muito difíceis e todas as pessoas que têm uma opinião cívica, e que querem que essa opinião seja conhecida, devem fazer ouvir a sua voz. É muito importante”, disse então numa entrevista ao canal de televisão norte-americano ABC.

A jornalista defendeu que “o povo russo é realmente contra a guerra”, considerando que esta é “a guerra de Putin, não a guerra popular russa”.

Mais de 15 mil pessoas já foram detidas na Rússia desde que começou a ofensiva militar russa no território ucraniano.