De Mariupol ainda chegam histórias de esperança. Os enviados da SIC Nuno Pereira e José Silva acompanharam os últimos momentos da viagem de dois adolescentes órfãos que conseguiram fugir da cidade e chegaram a Odessa. As duas vidas foram salvas com a ajuda de um americano que monitorizou e financiou o resgate dos jovens.
David Little é um homem de 65 anos discreto e de olhar tranquilo. Gosta mais de ouvir do que de falar. É americano. Viveu 10 anos na Rússia e outros 10 na Ucrânia. Há muitos anos que resgata crianças órfãs na Ucrânia e na Rússia. Encontra-lhes um lar e dá formação às famílias para as receber.
Há 5 anos, viajou até Mariupol para visitar um orfanato. Tinha a intenção de conseguir um lar para algumas daquelas crianças nos EUA. Conseguiu para uma menina. Cinco anos passaram e há 15 dias foi contactado pela irmã mais velha. Estava num bunker em Mariupol. David preparou tudo para os fazer chegar a Odessa, mas na saída da cidade mártir desta guerra, as crianças estavam entregues à própria sorte, porque ninguém conseguia lá chegar.
Alexandra e Nikita têm 22 anos. Alexandra vivia há seis no orfanato em Mariupol. Nikita há 11, metade da sua vida. Para chegar a Odesa tinham 800 quilómetros pela frente.
“Deixámos Mariupol no dia 24 de março e fomos a pé até uma cidade próxima, Melekyne, porque ninguém nos dava boleia. Dessa cidade até Berdiansk e depois para Zaporizhzhya e finalmente estamos aqui e seguros”, contam.
“Passámos por vários cadáveres de militares, algumas pessoas mortas sentadas em bancos de rua. Já estavam mortos há uns dias e não tinham sido recolhidos”, acrescentam.
Fingiram-se de mortos para conseguir sair com vida e conseguiram. Chegaram a Odessa.
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