Guerra Rússia-Ucrânia

Corte do gás russo: “Temos um ambiente propício ao desenvolvimentos de preços descontrolados”

João Duque analisa o impacto do corte do fornecimento de gás natural por parte da Rússia ao países europeus.

Corte do gás russo: “Temos um ambiente propício ao desenvolvimentos de preços descontrolados”

A Rússia anunciou que vai cortar o fornecimento de gás natural à Polónia e à Bulgária a partir de quarta-feira. O economista João Duque alerta que a subida do preço do gás leva a um aumento da inflação tanto na Europa como em Portugal. O comentador da SIC falou ainda da possibilidade de, nas próximas semanas, os preços ficarem “descontrolados”.

“A interrupção de uma fonte energética como esta tão importante cria sempre um grande stress – não quero dizer que exista depois interrupções, mas existe uma grande preocupação. Temos aqui um ambiente que é propício a desenvolvimentos de preços um bocado descontrolados”, disse em entrevista à SIC Notícias.

João Duque defende que Putin “está a carregar ainda mais sobre uma ferida” que existe na Europa, referindo-se à inflação. Isto porque o preço do gás interfere com o preço da eletricidade.

“O preço do gás é referência para a formação do preço da eletricidade e, portanto, nós vamos sofrer por essa via. A nossa taxa de inflação que já estava elevada vai provavelmente ser mais agravada ainda”, afirma o especialista em economia. “Aquilo que eram as expectativas do Governo com os níveis de inflação previstas de 4%… Eu temo que é melhor começarem a pensar noutro número que os 4% agora definitivamente é para afastar.”

O aumento dos custos associados à energia vai ter de se refletir nos preços dos produtos, particularmente nas empresas que tenham “faturas importantes de energia”.

“Vão ter de fazer refletir nos preços de venda e vamos ter, por um lado produtos internamente mais caros, [por outro] exportações potencialmente menos competitivas no mercado internacional”.

O Banco Mundial alerta que o preço da energia e dos alimentos vai manter-se elevado pelo menos até 2024 devido à guerra na Ucrânia. Os alimentos podem sofrer aumentos de 20% até ao final do ano. No setor da energia, o acréscimo deverá ultrapassar os 50%. Nos últimos dois anos, o aumento dos preços da energia foi o maior registado desde a crise petrolífera de 1973.

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