O Presidente Marcelo, tal como António Guterres, baixa as expectativas sobre o resultado dos encontros do secretário-geral da ONU com Putin em Moscovo e amanhã com Zelensky em Kiev. Lembrando que vivemos “um novo mundo”, o chefe de Estado aproveitou para deixar um aviso sobre as Forças Armadas.
“O próprio secretário-geral [da ONU] foi cuidadoso, baixou as expectativas dizendo que era difícil convencer o Presidente Putin, mas que persistia com a ideia de ser possível abrir, pelo menos, alguns corredores humanitários. (…) Vamos ver como é que, depois do encontro com o Presidente Zelenzky, essa ideia tem pés para andar, estamos a pensar em Mariupol e em outras zonas muito sensíveis em que há civis encurralados há tempos sem fim. Vamos ver se, pelo menos, por aí há passos que são dados, veremos depois o resto“, afirmou Marcelo, assumindo que este é “um processo discreto, difícil e que exige muito do secretário-geral da ONU”.
À margem da receção da Missão Portuguesa aos Jogos Surdolímpicos Caxias do Sul 2021, o Presidente alertou também para o facto de haver nestas situações “um jogo de palavras (…) em que se deve descontar um bocadinho aquilo que se diz e que é para produzir efeitos dos vários lados”.
É, aliás, disso exemplo a ameaça que chega do Kremlin de que o mundo pode estar a caminho da III Guerra Mundial: “Declarações desse género são uma parada verbal que em todas as guerras existiu, [mas] é preciso ver até que ponto é que a realidade comporta esse tipo de concretização“.
“Estamos a viver um novo mundo”
Depois do discurso do 25 de Abril sobre a Defesa, o Presidente da República voltou a deixar um aviso sobre as Forças Armadas, considerando que o setor está a fazer milagres e apelando a mais investimento na Defesa.
“O orçamento para a defesa é uma discussão que está agora em curso (…), o que eu disse [no discurso do 25 de Abril] é mais amplo. Aquilo que estamos a viver é um novo mundo, pode ser que seja um novo modelo geopolítico, um novo equilíbrio de poderes no mundo e nesse novo equilíbrio de repente há mudanças radicais. Se a Finlândia e a Suécia entrarem na NATO é uma mudança radical na Europa“, destacou.