A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considera em entrevista à Lusa que “o pior erro” da União Europeia (UE) seria “não abrir a porta aos ucranianos”, após a solicitação da Ucrânia para aderir ao bloco comunitário.
“O pior erro que a UE poderia cometer seria o de enviar a mensagem de que, numa altura em que os ucranianos olham para a Europa como a sua casa, a Europa não lhes abre a porta”, diz Roberta Metsola à agência Lusa, em Bruxelas, um dia antes de completar 100 dias no cargo.
“Penso que ainda não o fizemos e que tem sido espantoso o que temos feito em todas as instituições, com abertura para iniciar o processo, mas também sei que o próximo passo deve acontecer muito rapidamente”, acrescenta, numa alusão à discussão sobre a atribuição de estatuto de candidato à Ucrânia, país que enfrenta um confronto armado causado pela invasão russa.
Ressalvando que “todos os processos de alargamento têm sido sempre desafiantes” e que “cada país tem o seu próprio caminho”, Roberta Metsola assinala que, no caso da Ucrânia, “a assistência de pré-adesão poderia realmente enviar uma mensagem de que a UE está a falar a sério, que não se trata apenas de retórica” relativamente a uma eventual futura adesão.
“E quando dizemos que saudamos o estatuto de candidato, saudamos o estatuto de candidato de um país onde 97% da população quer aderir, como o Presidente Zelensky me disse”, afirma a líder da assembleia europeia à Lusa.
Para Roberta Metsola, “muito pode ser feito de forma tangível no momento presente”, por exemplo em termos de “acordos comerciais, acordo de aviação, acordos de transporte”, entre outros, para “aumentar as relações económicas” entre Bruxelas e Kiev.
“Estes são exemplos tangíveis para a UE demonstrar que está a falar a sério quando se trata de reconstruir a Ucrânia […]. É isso que a Ucrânia quer ouvir e é isso que devemos dizer”, adianta.
A Ucrânia já entregou a sua resposta formal ao questionário da Comissão Europeia sobre uma eventual adesão à UE, que foi dada em 10 dias.
Cabe agora ao executivo comunitário analisar as respostas ucranianas, num processo normalmente moroso, mas que deverá ocorrer “em semanas”, como prometido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Num Conselho Europeu de meados de março, os líderes da UE incumbiram a Comissão de elaborar um relatório sobre o cumprimento dos critérios de adesão pela Ucrânia.
Os chefes de Governo e de Estado da UE não acordaram, porém, sobre a atribuição à Ucrânia do estatuto de país candidato quando Bruxelas concluir o seu relatório, uma decisão que requer a unanimidade entre os 27.
As regras europeias ditam que qualquer país europeu que respeite os valores comunitários – como a existência de instituições que garantam a democracia e uma economia de mercado – e esteja empenhado em promovê-los pode pedir para se tornar membro.
Quando um país apresenta um pedido de adesão à UE, o Conselho convida a Comissão a dar o seu parecer sobre o pedido.
Volodymyr Zelensky assinou, a 28 de fevereiro, o pedido formal a Bruxelas da adesão da Ucrânia à UE.
Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024.
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