Um tribunal da Moldávia decretou quinta-feira a prisão domiciliária de 30 dias ao ex-presidente pró-russo Igor Dodon, que está a ser investigado por suspeita de traição, corrupção, enriquecimento ilícito e financiamento ilegal de partidos.
Igor Dodon, Presidente da Moldávia entre 2016 e 2020 e que lidera o bloco de oposição pró-Rússia no país do leste europeu, foi detido esta terça-feira, em casa, na capital Chisinau.
À saída do tribunal, Dodon afirmou hoje que as acusações sobre ele têm motivação política e foram determinadas por potências estrangeiras.
“É uma questão política destinada a neutralizar a oposição”, referiu o ex-chefe de Estado, segundo um vídeo publicado no ‘site’ de notícias moldavo Protv.md.
“É estranho e inexplicável que aqueles que (…) encheram todas as instituições estatais com conselheiros estrangeiros, romenos, norte-americanos e alemães, que controlam todas as instituições, me acusem de traição”, acrescentou.
Após a detenção na terça-feira, a procuradora anticorrupção Elena Cazacov revelou que os alvos da investigação eram “principalmente um dos ex-presidentes da República da Moldávia e pessoas próximas a ele, mas também outras pessoas que têm ligação com os supostos atos”.
O ex-presidente moldavo é alvo de uma investigação por “traição ao Estado”, “corrupção passiva”, “financiamento de um partido político por uma organização criminosa” e “enriquecimento ilegal”.
Os investigadores suspeitam que Dodon tenha recebido dinheiro em 2019 de um aliado político e oligarca moldavo, Vlad Plahotniuc, que está no exílio e sujeito a sanções dos Estados Unidos.
Igor Dodon negou na terça-feira estas irregularidades e, através da rede social Facebook, assegurou que tinha explicações para qualquer alegações.
“Esta não é a primeira vez que me tornei alvo de um sistema de justiça politicamente dirigido”, frisou.
Moscovo reagiu na quarta-feira à detenção, manifestando vontade em ver garantidos os direitos do ex-presidente.
“Consideramos que este é um assunto interno da Moldávia , mas não queremos que as autoridades no poder comecem a acertar contas com antigos concorrentes políticos, aproveitando a situação atual”, disse um vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrei Roudenko.
Após vários escândalos que atingiram Dodon, num cenário de corrupção e pobreza endémica no país, a atual Presidente e pró-europeia, Maia Sandu, venceu as eleições presidenciais em 2020, e as legislativas em 2021, solidificando o seu poder.
Um dos países mais pobres da Europa, a Moldávia é uma ex-república soviética que conquistou a independência em 1991.
A Rússia mantém tropas – consideradas de manutenção de paz – na região separatista da Moldávia da Transnístria, um estado separatista disputado e apoiado pela Rússia que faz fronteira com o sudoeste da Ucrânia.