O exército russo puniu mais de uma dezena de oficiais por terem enviado cerca de 600 recrutas para a guerra na Ucrânia, anunciou um procurador militar em Moscovo.
O procurador militar do distrito ocidental, Artur Yeguiev, disse no Senado russo que o Ministério Público militar tomou medidas disciplinares contra “cerca de uma dúzia de oficiais”.
Yeguiev não especificou as medidas disciplinares aplicadas, mas admitiu que alguns dos oficiais foram expulsos das forças armadas.
A operação envolveu cerca de 600 recrutas, mas “todos regressaram [da Ucrânia] num curto espaço de tempo”, disse Yeguiev, citado pela agência espanhola EFE.
Face a queixas na imprensa de ativistas e familiares, tanto o Ministério da Defesa como o Presidente russo, Vladimir Putin, negaram inicialmente que os recrutas estivessem envolvidos em combates no país vizinho, que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro.
Putin acabou por ordenar uma investigação, em 09 de março, depois de o Ministério da Defesa ter admitido o envio de recrutas para a frente de guerra na Ucrânia.
Na altura, o Kremlin (Presidência) disse que Putin tinha ordenado ao exército, antes do início da ofensiva, a exclusão de recrutas em “qualquer missão” em território ucraniano.
Meios de comunicação social ucranianos têm noticiado que recrutas morreram ou foram capturados na Ucrânia.
De acordo com relatos da imprensa, havia recrutas entre os 27 marinheiros que as autoridades russas reconheceram como desaparecidos no naufrágio do cruzador “Moskva”, em meados de abril.
Os membros da tripulação do “Moskva”, o navio-almirante da Frota do Mar Negro, foram incluídos como participantes na campanha militar na Ucrânia para que as suas famílias pudessem receber subsídios e pensões, noticiou hoje o jornal ‘online’ Meduza, segundo a EFE.
O procurador militar Yegiev não mencionou quaisquer casos de recrutas capturados ou mortos na guerra da Ucrânia.De acordo com a lei russa, citada pelo jornal The Moscow Times, os recrutas podem ser destacados para o estrangeiro após quatro meses de serviço militar.
No final de março, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, assegurou que os 134.500 recrutas convocados na primavera como parte do serviço militar obrigatório não seriam enviados para zonas de conflito.
Até agora, o Kremlin recusou-se a declarar uma mobilização geral ou parcial da população, a que se opõe a maioria dos russos, embora dois terços apoiem a operação militar de Putin, segundo sondagens divulgadas pelas autoridades.
A Rússia não apresentou números de baixas para as suas fileiras desde que reconheceu, em 25 de março, que 1.351 soldados tinham morrido na guerra na Ucrânia.
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