Os conflitos adensam-se no leste da Ucrânia. A cidade de Severodonetsk continua na eminência de cair para as forças russas. Enquanto isso, Sergey Lavrov, ministros dos Negócios Estrangeiros russo, foi à Turquia negociar uma forma para permitir a saída dos cereais ucranianos dos portos, mas sem sucesso. José Milhazes e Nuno Rogeiro analisam os acontecimentos que marcaram o dia.
Rogeiro destaca dois momentos: a votação do Parlamento Europeu para aceitar a passagem da Ucrânia a candidata à União Europeia e a conferência de imprensa de Lavrov na Turquia. Questionado por um jornalista ucraniano sobre o roubo de cereais ao país invadido, o ministro respondeu que a missão da Rússia é “destruir o regime neonazi ucraniano, não tem nada a ver com o roubo de nada”, traduziu Rogeiro.
Milhazes detetou no discurso do ministro um possível deslize. “Há uma coisa muito importante nessa frase: ou ele voltou a escorregar e a dizer uma asneira, ou a mentir. Mas ele diz da ‘pressão neonazi no leste da Ucrânia’. Isto pode ser importante”, explica o comentador.
Sobre a tomada de Severodonetsk, na região de Lugansk, Milhazes lembra que a cidade ainda não caiu para as forças russas.
“Claro que Severodonetsk é importante do ponto de vista moral. Mas será melhor a Ucrânia não deixar cair as suas tropas num cerco naquela região e recuar para Lysychansk, que, do ponto de vista defensivo, é muito melhor. E nesse sentido poder depois continuar a defender as suas posições.”
Para Rogeiro, a conquista desta cidade é apenas um “fetiche de passar de 97% do distrito de Lugansk ocupado para 100%”. O comentador mostra também como a Rússia mostrou que não havia nada destruído na zona dos mosteiros ortodoxos históricos. “A igreja que nós estamos a falar e que foi destruída pelo fogo está fora daquele retângulo [que foi filmado]”, afirma, sublinhando que “esta igreja ardeu mesmo”.
Por fim, Milhazes destaca a proposta apresentada no Parlamento russo por um deputado do partido pró-Putin que “prevê que a Rússia anule a declaração de independência da Lituânia, em 1991, dizendo que foi ilegítima”.
“A Lituânia faz parte da NATO, depois da Lituânia vêm todos os outros”, remata.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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