Todas as semanas, às sextas-feiras, dez pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós.
1 – COMISSÃO EUROPEIA RECOMENDA QUE UCRÂNIA RECEBA ESTATUTO DE CANDIDATO
Os líderes europeus deverão decidir no próximo Conselho Europeu se vão conceder o estatuto de candidato à adesão. Ursula von der Leyen, Presidente da CE, fez o anúncio esta sexta-feira de manhã. A decisão surgiu após ter havido um entendimento para que a Ucrânia realizasse algumas reformas necessárias, explicou a presidente da Comissão.
A Ucrânia “já demonstrou claramente” o desejo e determinação em viver de acordo com os padrões europeus, comentou esta sexta-feira Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Nesta conferência de imprensa, Ursula Von Der Leyen confirmou que a Comissão Europeia vai propor ao Conselho Europeu a atribuição à Ucrânia do estatuto de candidata à UE.
A Ucrânia já tem cumprido, aliás, “cerca de 70%” dos requisitos que são exigíveis para a pertença à União Europeia. “Muita coisa já foi feita mas ainda há importante trabalho a ser desenvolvido”, disse Ursula Von der Leyen.
Zelensky na reação à declaração de Von der Leyen: “É o primeiro passo no caminho para nos tornarmos membros da UE, que irá certamente aproximar-nos da vitória. Estou grato a Ursula von der Leyen e a cada membro da Comissão Europeia por uma decisão histórica. Espero um resultado positivo do Conselho Europeu na próxima semana”
2 – “UCRÂNIA FAZ PARTE DA FAMÍLIA EUROPEIA”
França, Alemanha, Itália e Roménia querem que a Ucrânia tenha de “imediato” estatuto de candidato oficial à UE. “Apoiamos os quatros o estatuto de candidato imediato à adesão“, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, em conferência de imprensa em Kiev, acrescentando que “este estatuto será acompanhado por um guia e irá ter em conta a situação nos Balcãs e na vizinhança, em particular na Moldávia”.
O chanceler Scholz foi pelo mesmo diapasão: “Os meus colegas e eu viemos aqui a Kiev hoje com uma mensagem clara: a Ucrânia pertence à família europeia”. — A Ucrânia está “pronta” para trabalhar para se tornar “membro de pleno direito” da União Europeia, disse Zelensky: “Os ucranianos já conquistaram o direito de seguir este caminho e obter o estatuto de candidato” para a adesão, afirmou Zelensky após uma reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi e o presidente romeno, Klaus Iohannis.
3 – “VAMOS RECONSTRUIR TUDO” (DRAGHI)
“Tudo será reconstruído”, garantiu Mario Draghi, naquela que terá sido a declaração mais poderosa da visita a quatro a Kiev, na passada quinta-feira. “Crueldade inimaginável” na Ucrânia tem de acabar, adicionou Scholz
A União Europeia deve decidir na próxima semana se concederá ou não o estatuto de candidata à Ucrânia, o primeiro passo de processo de negociação que pode durar anos. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que os anúncios de novas entregas de armas por aliados de Kiev devem ser feitos semanalmente e “em quantidades suficientes”. “Essa é a realidade. Agradecemos tudo o que foi feito, não reclamamos. Mas a verdade é que ainda estamos em menor número quando se trata de artilharia, sistemas de mísseis de lançamento múltiplo e sistemas de defesa, e não podemos fazer nenhum grande progresso até encontrarmos um equilíbrio com a Rússia nos números nessas três posições”.
4 – ZELENSKY: “UCRÂNIA CADA VEZ MAIS PERTO DA UE”
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que, neste momento, o seu país está mais próximo da União Europeia (UE) do que alguma vez esteve desde a sua independência em 1990.
“A Ucrânia está agora mais próxima da União Europeia do que alguma vez esteve desde a sua independência”, assegurou Zelensky. Presidente ucraniano afirmou que “graças à coragem de homens e mulheres ucranianos, a Europa pode criar essa nova história de liberdade e, finalmente, eliminar a área cinzenta entre a UE e a Rússia no Leste da Europa”.
5 – RÚSSIA SOBRE CANDIDATURA DA UCRÂNIA À UE: “EXIGE A NOSSA ATENÇÃO REDOBRADA”
O Governo russo já reagiu à posição da Comissão Europeia, anunciada pela sua presidente Ursula von der Leyen, de aceitação oficial da Ucrânia como país candidato a aderir à União Europeia. O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov referiu que a notícia “exige a nossa atenção redobrada, porque estamos todos a par da intensificação das discussões na Europa sobre o fortalecimento da componente de defesa da UE”.
Existem, assim, “várias mudanças e transformações que estamos a observar o mais cuidadosamente possível”, acrescentou Peskov.
6 – NATO: AJUDA MILITAR À UCRÂNIA “NÃO É UMA PROVOCAÇÃO”
O Secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a assistência militar da NATO à Ucrânia não é “uma provocação”, mas sim um apoio a um Estado independente. Questionado sobre as declarações do Papa Francisco de que a guerra na Ucrânia “talvez tenha sido de alguma forma provocada ou não evitada”, Stoltenberg disse que “a NATO é uma aliança defensiva e a guerra é a guerra do presidente Putin”. “Esta é uma guerra que ele decidiu conduzir contra uma nação independente e soberana, e o que a NATO tem feito há muitos anos é apoiar uma nação soberana e independente na Europa – a Ucrânia”, disse Stoltenberg. “Isto não é uma provocação. O presidente Putin e Moscovo são os responsáveis por esta agressão brutal contra um país independente”.
7 – RÚSSIA ADMITE SUSPENDER FORNECIMENTO PELO GASODUTO NORD STREAM
“Problemas técnicos” com as turbinas da empresa alemã Siemens estarão na origem da suspensão, diz Moscovo. A Rússia advertiu que os problemas técnicos com as turbinas da empresa alemã Siemens poderão levar à suspensão do fornecimento através do gasoduto Nord Stream: “Assim que todas as turbinas forem enviadas para reparação para o Canadá (o Nord Stream) pode ter de parar. Creio que isso será uma catástrofe para a Alemanha”, afirmou o embaixador russo na União Europeia (UE), Vladimir Chizhov, à margem do Fórum Económico de São Petersburgo. Chizhov instou a que fosse perguntado à Siemens sobre a necessidade do envio das turbinas para o Canadá.
O mesmo pode acontecer com Itália e a Eni. O chefe do Governo italiano, Mario Draghi, acusou esta quinta-feira em Kiev a Gazprom de “mentiras”, após dois dias de redução unilateral dos fornecimentos de gás pelo gigante russo à italiana Eni. “Uma das explicações é que a manutenção […] necessita de peças de substituição”, declarou Draghi durante uma conferência de imprensa. “Nós, a Alemanha e outros [países] pensamos que são mentiras”. “Existe de facto uma utilização política do gás, tal como uma utilização política do trigo”, denunciou ainda, numa referência aos cereais bloqueados nos portos ucranianos. “Isso terá consequências, não imediatamente sobre o consumo, mas sobre o armazenamento”, acrescentou.
O conselheiro delegado da Gazprom, Alexéi Miller reconheceu que, à data de hoje, não há solução para os problemas técnicos e que por causa disso tiveram de reduzir nos últimos dias o fornecimento de gás à Europa.
8 – RÚSSIA VOLTA-SE PARA ORIENTE PARA FAZER FACE À QUEBRA DE IMPORTAÇÕES
Peskov, porta-voz de Putin, reconhece que Moscovo não está numa “posição confortável” mas diz que as sanções económicas não tiveram o efeito esperado pelo Ocidente. Moscovo planeia “um aumento muito sério” da sua produção doméstica e deu a entender que o país se vai voltar para os países asiáticos em alternativa. “Para reorganizar as importações, temos de reorganizar a direção das importações. Para compensar pela direção ocidental, aumentar as importações da direção oriental”, comentou.
Além disso, indicou que a Rússia planeia resistir às sanções ocidentais e atingir os seus objetivos na região de Donbas. “O objetivo número um é proteger as pessoas de Donbas e Luhansk daqueles que bombardeiam Donetsk, por exemplo, agora mesmo, e matam civis lá. E que o têm feito ao longo dos últimos oito ou nove anos”. O porta-voz alega que, em regiões diferentes, cada vez mais pessoas estão a mostrar-se receptivas a um futuro afastado do regime em Kiev. Questionado sobre a intenção de ocupar território ucraniano em Odesa, Kharkiv e Kherson, remeteu a decisão para “a vontade do povo local”. “A Ucrânia demonstrou claramente a aspiração e a determinação em viver de acordo com os valores e padrões europeus”, disse durante uma conferência de imprensa em Bruxelas. A Ucrânia está “muito agradecida” perante esta decisão e espera que os líderes europeus aprovem o estatuto de candidato à UE do país na próxima semana.
9 – OBJETIVO DA RÚSSIA “É A DESTRUIÇÃO COMPLETA DA UCRÂNIA”
O objetivo estratégico da Rússia é a destruição completa do Estado ucraniano e da nação, disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar. Segundo Malyar, “os principais objetivos estratégicos, político-militares e económico-militares da Rússia em relação ao nosso estado continuam a ser a destruição completa do estado ucraniano e da nação, bem como a destruição das fundações militares e económicas do nosso estado”.
Os objetivos militares da Rússia também incluem a destruição de armas e equipamentos enviados à Ucrânia pelos seus parceiros estrangeiros e danos à infraestrutura de transporte usada para transportar mercadorias militares e civis.
10 – FRANÇA ANUNCIA MAIS SEIS CANHÕES CAESAR PARA A UCRÂNIA
A França vai entregar à Ucrânia mais seis canhões Caesar, camiões equipados com sistema de artilharia conhecido pela sua precisão, anunciou o presidente francês Emmanuel Macron: “Além dos 12 ‘Caesar’ já entregues, tomei a decisão de entregar mais seis”, anunciou o presidente francês após uma reunião com o homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky, com o alemão Olaf Scholz, o italiano Mario Draghi e o romeno Klaus Iohannis. O anúncio ocorre na sequência dos repetidos pedidos do presidente ucraniano para que o Ocidente envie mais armas pesadas e munições para combater a invasão russa.
Também a administração Biden vai continuar a fornecer assistência militar significativa à Ucrânia “tão depressa quanto pudermos enviá-la” pelo tempo que for necessário até que a Rússia pare o combate, disse o coordenador do Conselho de Segurança Nacional para comunicação estratégica e contra-almirante aposentado John Kirby.: “Eles estão a receber o máximo que podemos enviar o mais depressa que podemos enviar. Estamos a trabalhar muito”, disse, acrescentando que a assistência está a chegar “em velocidade recorde” e os EUA estão em “contacto constante” com a Ucrânia.”