Bruxelas quer que os 27 Estados-membros reduzam em 15% o consumo de gás. O corte é, para já, voluntário, mas pode tornar-se obrigatório caso a Rússia corte o fornecimento de gás. A proposta da Comissão Europeia surge no mesmo dia em que os países chegaram a acordo para avançar com o embargo ao ouro russo.
A redução de 15% é o que os 27 vão ter de cortar no uso de gás entre 1 de agosto e 31 de março. O recado de Bruxelas é para que comecem já a poupar no verão, de forma a evitar o caos energético no inverno.
A proposta surge no mesmo dia em Presidente russo, Vladimir Putin, admite que o gasoduto Nord Stream 1, que abastece a Alemanha, pode não retomar a atividade esta quinta-feira, depois de terminada a manutenção de rotina.
Um eventual corte total do gás russo pode fazer cair ainda mais a economia europeia. Por isso, o esforço de poupança é pedido a todos países, mesmo aos que, como Portugal, pouco ou nada dependem do gás russo.
O Governo já reagiu a esta proposta europeia: João Galamba, secretário de Estado do Ambiente e da Energia, disse ao Expresso que Portugal está “completamente contra”.
“Isto não se pode aplicar a Portugal. Portugal é contra esta proposta da Comissão, porque ela não tem em atenção as diferenças entre países”, afirma.
Galamba lembra que nos primeiros cinco meses do ano, Portugal aumento o consumo de gás em 67% com o objetivo de produzir energia elétrica. Esta redução é “insustentável”, uma vez que obrigaria o país a ficar sem eletricidade, acrescenta.
Também o Governo espanhol rejeitou a proposta da Comissão Europeia: "Defendemos os valores europeus, mas não podemos assumir um sacrifício sobre o qual nem sequer nos pediram parecer prévio", disse a terceira vice-presidente e ministra para a Transição Ecológica de Espanha, Teresa Ribera, em conferência de imprensa.
A Comissão Europeia pede solidariedade, poupança e fala até de uma eventual partilha de gás com os países que mais dependem da energia russa. A redução do uso de gás deverá afetar a indústria, o setor público, as empresas e as famílias
A decisão fica nas mãos dos Governos dos 27 Estados-membros, mas Bruxelas deixa orientações: substituir o gás por outras fontes de energia, sobretudo renováveis, e poupar no aquecimento e arrefecimento.