O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou esta segunda-feira a oferecer-se como anfitrião para um possível encontro entre os chefes de Estado da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin.
"O nosso objetivo é trazer Putin e Zelensky ao nosso país, esperemos que num futuro não muito distante", disse Erdogan após uma reunião do Governo turco, defendendo assim a intenção de Ancara de que russos e ucranianos aproximem posições, segundo a agência Anatólia.
A Turquia já desempenhou o papel de mediadora no acordo que permitiu voltar a exportar cereais a partir da Ucrânia, "um feito essencial para a humanidade", nas palavras de Erdogan.
A ONU, que também participou nesse acordo, considera que foi fundamental para garantir a segurança alimentar mundial.
Na semana passada, Erdogan e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mantiveram na Ucrânia um encontro trilateral com Zelensky, no qual debateram o acordo para exportar cereais e também as perspetivas diplomáticas para pôr fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura há seis meses.
Zelensky deixou claro que não haverá quaisquer negociações até que a Rússia retire as suas tropas do território ucraniano e, do lado russo, também não foi expressa qualquer intenção de entabular um diálogo de alto nível, pelo que parece afastada a curto prazo a hipótese de um encontro entre os dois Presidentes.
Borrell espera que Turquia influencie a Rússia para terminar guerra
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, acredita que a Turquia pode usar a sua influência sobre Moscovo para terminar com o conflito na Ucrânia, da mesma forma que ajudou a desbloquear a exportação de cereais ucranianos.
Josep Borrell conversou esta segunda-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, aproveitando para destacar o papel de Ancara na garantia do acordo da ONU para a exportação de cereais ucranianos.
"Destaquei o papel da Turquia em garantir o acordo e mitigar o impacto da agressão russa contra a Ucrânia", sublinhou o diplomata espanhol numa publicação na rede social Twitter.
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros discutiu ainda com Mevlüt Çavusoglu o "impacto das sanções" ocidentais e transmitiu a sua esperança de que a Turquia "pode usar a sua influência sobre a Rússia para parar a guerra sem sentido".
Após intensas negociações, Moscovo e Kiev concordaram em 22 de julho em estabelecer corredor seguro desde Odessa para permitir a saída deste porto dos 20 milhões de toneladas de cereais que estavam bloqueados nos seus silos devido à guerra iniciada pela Rússia em fevereiro.
Um "centro de coordenação conjunta", composto por cerca de 20 representantes ucranianos, russos, turcos e da ONU, supervisiona este corredor marítimo.