A Rússia interrompeu o fornecimento de gás à Alemanha. Pelo menos até às 02:00 de sábado, o país não vai receber gás através do gasoduto Nord Stream 1.
De acordo com a Gazprom, a única turbina em funcionamento e que se encontra localizada na estação de Portovaya necessitava de manutenção.
O gasoduto Nord Stream 1 leva o produto até à Alemanha, onde é depois distribuído por outros países europeus.

O chefe da Rede Federal de Energia da Alemanha, Klaus Mueller, disse que os trabalhos de manutenção são "tecnicamente incompreensíveis" e que só podem ser entendidos como um gesto "punitivo" contra Berlim pelo apoio prestado à Ucrânia desde a invasão russa.
A União Europeia receia que depois de sábado a Rússia prolongue o corte.
Nos últimos meses, o gasoduto não tem estado a funcionar a 100%. Moscovo culpa principalmente as sanções aplicadas por causa da guerra na Ucrânia.
"Putin está a usar o gás como arma de guerra"
O comentador da SIC, Germano Almeida, diz que Putin está a usar o gás como arma de guerra para tentar penalizar a Europa e pressionar as opiniões públicas europeias.
“Naturalmente o que nos espera é que haja gás mais caro perante este comportamento de Putin nos próximos meses e isso vai ter de ter consequências”, sublinha.

Alemanha teme crise energética e estuda possibilidade de manter centrais nucleares ativas
O chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu que "pode fazer sentido" estender a vida útil das três últimas centrais nucleares ativas na Alemanha, que está a ser parcialmente privada de gás russo e teme uma crise energética.
Estas centrais "só são relevantes para a produção de eletricidade e apenas para uma pequena parte", mas "ainda podem fazer sentido", afirmou o chanceler alemão.
A Alemanha tinha decidido eliminar gradualmente a energia nuclear até ao final deste ano, mas a escassez de entregas de gás russo ao país europeu trouxe de volta a questão de manter as últimas centrais a operar por mais tempo.
Alemanha aprova novas medidas para conter consumo de gás no próximo inverno
A Alemanha aprovou no dia 24 de agosto mais medidas para conter o consumo de gás no próximo inverno. Com a guerra na Ucrânia e o bloqueio ao gás da Rússia, Berlim quer cortar mais 2,5% no consumo de energia no setor público já nos próximos meses.
Dentro do pacote de medidas está a decisão de colocar limites à iluminação pública, de modo a reduzir o consumo. O Governo alemão prepara-se também para priorizar o transporte de energia através da ferrovia nacional, como alternativa à importação de gás russo.
O IVA sobre o gás irá também descer de 19% para 7% até 2024, medida já anunciada anteriormente.
Gazprom vai diminuir novamente o fornecimento de gás à França
A empresa russa Gazprom vai proceder a novos cortes nas suas entregas de gás à Engie devido a um desacordo sobre a execução dos contratos, anunciou esta terça-feira a principal fornecedora de gás em França.
Os fornecimentos de gás russo à Engie diminuíram consideravelmente desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, caindo recentemente para apenas 1,5 Terawatt-hora (TWh), disse a empresa francesa em comunicado, citado pela agência AFP.
Este valor deve ser visto no contexto de "fornecimentos anuais totais na Europa de mais de 400 TWh", acrescentou a Engie, na qual o Estado francês detém quase 24%.
O grupo afirmou já ter posto em prática medidas para poder fornecer os seus clientes mesmo no caso de uma interrupção nos fluxos da Gazprom.
Preços do gás e da eletricidade disparam na Europa
Os preços da energia na Europa subiram de tal forma desde o inicio da intervenção militar, que Moscovo ganha agora mais 89% do que há um ano para exportar hidrocarbonetos para a UE, apesar de vender um menor volume - menos 15% - de combustíveis.
Os governos europeus têm anunciado apoios para minimizar a subida do custo da energia.
No Reino Unido, o custo da energia vai aumentar 80% e há muitos britânicos com receio de não conseguirem suportar o custo de vida.
Em França, os preços nos mercados grossistas atingem recordes. O preço da eletricidade passou os 1.000 euros por megawatt.
Nos Países Baixos, o preço do gás chegou aos 600 euros por megawatt.