Guerra Rússia-Ucrânia

Novas sanções da UE ficam aquém da ameaça russa para o mundo, afirma Kiev

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano instou a UE a "atingir com mais força" o Vladimir Putin.

Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia
Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia
Future Publishing

Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, defendeu esta quinta-feira que o próximo pacote de sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia não corresponde à dimensão da ameaça que Moscovo representa para o mundo.

"Os elementos sugeridos do próximo pacote de sanções da UE contra a Rússia não correspondem à dimensão da escalada de Putin e à ameaça que ele representa para a Europa e o mundo inteiro", referiu o chefe da diplomacia ucraniana, numa mensagem através da rede social Twitter.

Dmytro Kuleba instou a UE a "atingir com mais força" o Presidente russo, Vladimir Putin, para detê-lo, defendendo que este "é um momento crucial".

A Comissão Europeia propôs esta quarta-feira um oitavo pacote de sanções à Rússia, face à "nova escalada" do Kremlin na sua agressão à Ucrânia, com a realização de "referendos fraudulentos", mobilização parcial e a ameaça de recurso a armas nucleares.

UE avança com oitavo pacote de sanções

O novo pacote de sanções, apresentado em linhas gerais em Bruxelas pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e pelo Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, inclui um teto ao preço do petróleo russo, novas restrições ao comércio para privar a Rússia de cerca de 7 mil milhões de receitas, uma proibição de exportações de mais produtos para privar o Kremlin (Presidência russa) de tecnologias-chave para a sua indústria de armamento, e uma atualização da lista de entidades individuais e coletivas alvo de medidas restritivas.

Bruxelas propõe também nesta nova ronda de sanções a proibição de prestação de serviços europeus à Rússia e a proibição de cidadãos da UE terem assento em órgãos diretivos de empresas estatais russas, argumentando que "a Rússia não deve beneficiar do conhecimento e da perícia europeus".

O novo pacote de sanções proposto pela Comissão liderada por Von der Leyen, o oitavo desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há sensivelmente sete meses, vai agora ser discutido pelos 27 do bloco europeu, inicialmente ao nível de embaixadores, com vista à sua adoção em sede de Conselho da UE.

Também esta quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia apelou a que a Rússia seja considerada um estado terrorista e garantiu que o país parcialmente sob invasão russa vai "dar todos os passos necessários" para entrar na União Europeia.

A participar por videoconferência na quarta edição do Foro de La Toja-Vínculo Atlântico, que começou esta quinta-feira e decorre até sábado na Ilha de La Toja, em Espanha, Dmytro Kuleba salientou que a vitória da Ucrânia é a "única forma de preservar o estilo de vida e valores" ocidentais e que o presidente da Federação Russa "tem que ser parado".

O governante garantiu que "mesmo em guerra" a Ucrânia está a "fazer todos os esforços" para cumprir as exigências da União Europeia: "Apesar da guerra estamos a fazer reformas no Parlamento para nos aproximarmos da União Europeia porque não podemos perder mais tempo", explicou.

"Estamos a debater-nos com um monstro que está a atacar a Ucrânia, toda a frente norte atlântica está a ser afetada, a América do Norte, África, mas também a nível global, todos os países que defendem os Direitos Humanos estão a ser afetados. Todos estamos a ser ameaçados, as nossas fronteiras estão a ser ameaçadas", salientou.

Por isso, defendeu, "Putin tem que ser travado", disse Kuleba, deixando um apelo: "Só há um modo de proteger o nosso estilo de vida e os nossos valores, acabar com a impunidade, pôr a Rússia no seu lugar fazê-la prestar contas. Ele [Putin] tem-se safado, como na Geórgia, e sente-se impune", defendeu.