O ex-presidente russo Dmitiri Medvedev acusou esta quinta-feira as potências ocidentais de terem "destruído a estrutura do comércio mundial", enquanto a porta-voz da diplomacia, Maria Zakharova, desafiou os EUA a admitirem o seu envolvimento "nos crimes de Kiev".
"O resultado é triste. Com as suas maníacas sanções, o Ocidente conseguiu uma única coisa, a rápida destruição de toda a arquitetura do comércio mundial", denunciou o atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo em comunicado no seu canal do Telegram
O responsável russo também considerou que para os Estados Unidos, acusados de "principal instigador da guerra híbrida contra a Rússia", estas consequências serão "menos catastróficas".
No entanto, e apesar do efeito das pesadas sanções ocidentais, em resposta à guerra na Ucrânia, Medvedev considerou que a Rússia sairá vencedora desta guerra económica e admitiu mesmo que as potências ocidentais "pedirão clemência" a Moscovo.
Em paralelo, e no decurso de uma conferência de imprensa na capital russa, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, considerou ter chegado o momento para que o Departamento de Estado dos Estados Unidos admita o seu envolvimento na situação na Ucrânia, desde a mudança de regime à sabotagem dos gasodutos.
"Chegou o momento para que Washington fale alto, de forma franca e clara, sobre o seu verdadeiro envolvimento na situação na Ucrânia, desde a mudança de regime aos motivos da destruição dos gasodutos", disse, numa referência designada "revolução de Maidan" em 2014 e à alegada sabotagem ocorrida em finais de setembro aos gasodutos russos Nord Stream I e Nord Stream II, destinados a abastecer a Europa.
De acordo com a porta-voz da diplomacia do Kremlin, o seu ministério "nunca ouviu uma declaração oficial de Washington de que não apoiam, ou de alguma forma terem criticado o regime de Kiev por todo o horror que praticou ao longo dos anos".
Na sua perspetiva, não tem sentido "recolher elementos individuais sobre o que foi feito, ou não, sob a supervisão direta ou participação dos serviços de informações norte-americanos".
Os Estados Unidos da América (EUA) negaram na sexta-feira qualquer envolvimento numa suposta sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, acusação que devolvem à Rússia, que afirmam espalhar teorias da conspiração.
Numa reunião do Conselho de Segurança convocada pela Rússia para abordar as recentes explosões nos gasodutos, o representante adjunto dos EUA junto à ONU, Richard Mills, acusou a delegação russa de instrumentalizar o órgão das Nações Unidas.
esta quinta-feira, Zakharova considerou ainda que "Washington orientou, protegeu e dirigiu o regime de Kiev durante muitos anos".
"É uma questão de responsabilidade partilhada sobre aquilo que os EUA fizeram a este país e ao conjunto da região", adiantou.
Ainda esta quinta-feira, a União Europeia adotou uma nova ronda de sanções contra Moscovo -- um pacote que inclui como principal medida um limite de preços relacionado com o transporte marítimo de petróleo russo para países terceiros e mais restrições ao transporte marítimo de petróleo bruto e produtos petrolíferos para países terceiros --, e ainda punições para quem ignore as sanções ou a proibição de participar em conselhos de administração de empresas estatais russas.