A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) alertou hoje para um novo corte no fornecimento de energia à central nuclear ucraniana de Zaporíjia, o segundo em cinco dias, cuja segurança fica dependente de geradores de emergência.
"A nossa equipa na central nuclear de Zaporíjia, informou-me esta manhã que a central perdeu toda a energia externa pela segunda vez em cinco dias", disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, numa mensagem na rede social Twitter, citado pela agência espanhola EFE.
Ao estar desligada da rede externa de energia, a central fica dependente de geradores a diesel para assegurar o arrefecimento dos seis reatores nucleares e, assim, evitar a fusão dos seus núcleos, que poderiam levar a uma libertação de radioatividade potencialmente catastrófica.
Grossi confirmou que os geradores entraram em funcionamento, mas advertiu que a perda repetida de energia externa "é um desenvolvimento profundamente preocupante". O diretor da AIEA destaca a necessidade"urgente de uma zona de segurança e proteção nuclear em redor do local".
A AIEA defende a criação de uma zona de segurança em torno da central e, para esse fim, Grossi reuniu-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo, na terça-feira.
Na sequência do alerta da AIEA, o chefe interino pró-russo de Zaporíjia, Yevgeny Balitsky, disse que a central não está em perigo."Está a funcionar, embora esteja em modo de paragem a frio, ou seja, não está a alimentar a rede elétrica, mas está a trabalhar para satisfazer as suas necessidades. Tem todos os meios necessários: geradores a diesel, combustível, pessoal", disse Balitsky à televisão pública Rossiya 24, segundo a EFE.
A Rússia e a Ucrânia têm-se culpado mutuamente por bombardeamentos contra a central, que danificaram alguns dos edifícios da instalação e o sistema de fornecimento de energia. O operador nuclear estatal da Ucrânia, Energoatom, disse que o corte à rede externa de energia foi provocado por um ataque russo com mísseis à subestação Dniprovska, na região de Dnipropetrovsk, a norte de Zaporíjia.
O líder do movimento Juntos com a Rússia em Zaporíjia, Vladimir Rogov, culpou os bombardeamentos ucranianos pelo corte e disse que o fornecimento de energia à central "foi restaurado uma hora mais tarde", após o arranque dos geradores.
A Rússia declarou que a central passou para a sua posse, na sequência da anexação da região de Zaporíjia, no final de setembro, juntamente com Donetsk, Lugansk e Kherson. As forças russas bombardearam infraestruturas de energia ucranianas nos últimos dois dias, em retaliação por uma explosão na ponte da Crimeia, no sábado, que Moscovo atribuiu aos serviços secretos ucranianos.