O Presidente ucraniano apelou hoje à comunidade internacional para que ajude o seu país a livrar-se de minas e outros artefactos não detonados que, segundo Volodymyr Zelensky, afetam uma área equivalente ao Uruguai.
"Até ao momento, 174.000 quilómetros quadrados de território ucraniano estão infestados de minas ou outros dispositivos não detonados", sublinhou Zelensky, num discurso em vídeo dirigido ao Parlamento da Nova Zelândia.
"Não há paz verdadeira para nenhuma criança que possa morrer por causa de uma mina antipessoal russa escondida", insistiu o governante, apelando à Nova Zelândia, cujo Exército é experiente nesta matéria, para que lidere os esforços para limpar as minas e mitigar as consequências ambientais do conflito.
Zelensky alertou também que o mar Negro e o mar de Azov estão "infestados de minas flutuantes" que ceifaram a vida de "centenas de milhares de seres vivos, que morreram como resultado das hostilidades".
O chefe de Estado ucraniano acusou ainda a Rússia de perpetrar um "ecocídio" no seu país.
Em reação, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Arden, destacou que registou os apelos de Zelensky "especialmente sobre os impactos a longo prazo da guerra, especialmente no meio ambiente".
"Estamos consigo enquanto procura a paz, mas também estaremos consigo quando for para reconstruir [o país]", frisou.
A Nova Zelândia enviou cerca de 100 dos seus militares para a Europa, para treinar soldados ucranianos e anunciou hoje mais dois milhões de dólares (cerca de 1,8 milhões de euros) em ajuda humanitária para apoiar a Ucrânia a enfrentar o inverno.
Quase 10 meses de guerra
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.