A Rússia cometeu "crimes contra a humanidade" na guerra na Ucrânia, acusou a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, este sábado antes na Conferência de Segurança de Munique.
"Os Estados Unidos estabeleceram formalmente que a Rússia cometeu crimes contra a humanidade na Ucrânia", disse Kamala Harris num discurso antes da Conferência de Segurança de Munique, onde reafirmou o apoio ao "tempo necessário" dos Estados Unidos para este país e a solidez da ligação transatlântica e da NATO face à Rússia.
“Examinamos as provas, conhecemos as normas legais e não há dúvida de que se trata de crimes contra a humanidade”, disse após citar o caso de execuções sumárias, tortura e violação por forças russas na Ucrânia, bem como “a transferência forçada de centenas de milhares de civis ucranianos" para a Rússia.
"E aviso a todos os que cometeram estes crimes e aos seus superiores ou cúmplices nestes crimes: vão prestar contas", acrescentou o vice-presidente americano.
Esta é a primeira vez que os Estados Unidos afirma formalmente que a Rússia cometeu crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia desde a invasão russa daquele país em 24 de fevereiro de 2022.
Chefe da diplomacia americana promete que a Justiça será feita
Em comunicado à parte, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, garantiu que “não se trata de atos aleatórios ou isolados” e falou de um "ataque generalizado e sistemático levado a cabo pelo Kremlin contra a população civil na Ucrânia".
Sublinha que, ao usar essa qualificação de crimes contra a humanidade, os Estados Unidos comprometem-se a responsabilizar esses membros das forças russas e outros oficiais, que não são identificados, "responsáveis por seus atos" perante a Justiça.
"Não pode haver impunidade para esses crimes", conclui Blinken.
Desde o início da invasão, os Estados Unidos documentaram ou listaram mais de 30.600 casos de crimes de guerra cometidos por forças russas na Ucrânia, disse o Departamento de Estado dos EUA.
Em setembro, investigadores das Nações Unidas acusaram Moscovo de crimes de guerra em "grande escala" na Ucrânia, incluindo tortura e violência sexual.
Kiev pediu a criação de um tribunal especial para julgar os principais funcionários da Rússia, mas a sua forma exata levanta questões legais complexas.