Guerra Rússia-Ucrânia

“Xi não se sente desconfortável em dizer que é o melhor amigo de um agressor"

Germano Almeida analisa o encontro entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o líder russo, Vladimir Putin. Para o comentador, esta reunião é o princípio de uma "aliança assimétrica" entre a Rússia e a China.

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A visita de Xi Jinping a Moscovo marcou a semana. O Presidente chinês encontrou-se com Vladimir Putin. A visita aconteceu no início da semana e, durante todo o encontro, Xi Jinping não condenou a invasão russa à Ucrânia. Este encontro marca um aproximar de relações dos dois países. Germano Almeida, comentador SIC, analisa o impacto que este encontro tem no desenrolar das relações internacionais.

“O dia de ontem [terça-feira] foi muito relevante porque percebemos, de forma clara, [a posição do] Presidente Xi Jinping, a partir do momento que faz a visita a Putin e está tanto tempo com ele e não se digna a condenar a invasão”, afirma Germano Almeida.

Apesar da China ter apresentado um plano de 12 pontos para a paz, o encontro dos dois Presidentes não caminhou nesse sentido. Até porque, horas depois da reunião, a Rússia voltou a atacar Kiev, provocando vários mortos.

“As últimas horas mostraram o que Putin quer continuar a fazer: a Rússia voltou a agredir, a bombardear e a matar – três mortos na capital ucraniana na sequência de drones iranianos que os russos têm – é disto que estamos a continuar a falar”, disse o comentador.

Para Germano Almeida, este encontro serviu para Xi Jinping “mostrar que tem força” para criar uma “aliança assimétrica com a Rússia”.

“Quando Xi vai à Rússia elogiar Putin, dizendo que, nos últimos anos, a sua liderança reforçou a Rússia. Mas como é que é possível dizer isso? Reforçou a Rússia? Ao fazer a invasão da Ucrânia? É porque a China não condena isso.”

Sobre o apoio da China à máquina de guerra da Rússia, o comentador sublinha que a NATO, os Estados Unidos e o Reino Unido “não afirmam ainda perentoriamente que a China está a dar armas letais à Rússia”. No entanto, há “informações” de que Pequim está a ajudar Moscovo “de forma indireta” – seja através da venda de componentes fundamentais para o fabrico de armamento, seja pelo envio de equipamento fundamental à industria de defesa russa.

“O Presidente Xi não se sente desconfortável em dizer que é o melhor amigo de alguém que é um agressor, que tem um mandado de detenção no TPI [Tribunal Penal Internacional]. Porque ambos têm uma visão comum de crítica ao ocidente, ao mundo unipolar americano a todo esse tipo de conversa.”