Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia retira credenciais a cônsul honorário português em Nizhni Novgorod

Esta decisão pode ser uma retaliação da Rússia à decisão do Ministério português dos Negócios Estrangeiros contra o cônsul russo no Algarve.

Rússia retira credenciais a cônsul honorário português em Nizhni Novgorod
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A Rússia retirou, alegadamente por retaliação, as credenciais ao cônsul honorário português em Nizhni Novgorod. Acácio Durães era cônsul de Portugal naquela cidade, uma importante zona industrial a sul Moscovo.

Contactado pela SIC, o cônsul Acácio Durães diz que não lhe foram dadas quaisquer explicações para a decisão.

Acácio Durães, como o próprio fez questão de divulgar na sua página na rede social Facebook, era cônsul honorário de Portugal em Nizhni Novgorod desde outubro de 2015.

Esta decisão diplomática de Moscovo pode, porém, ser entendida como uma retaliação à retirada de credenciais ao cônsul russo em Faro (Algarve), que o Ministério português dos Negócios Estrangeiros justificou com a concessão de vistos gold.

Foi em janeiro desde ano que Bruno Valverde Coto ficou sem autorização do Governo português para exercer funções como cônsul honorário da Rússia em Faro.

O empresário, que gere uma empresa vocacionada para a imobiliária de luxo e vistos gold, é casado com uma cidadã russa, nascida na Ucrânia. Em 2020, foi nomeado pelo embaixador russo como representante diplomático honorário.

O Ministério de João Gomes Cravinho confirmou a retirada das credenciais ao cônsul, mas foi vago na explicação. Referiu apenas como motivo o desenvolvimento de atividades que não estão em conformidade com a convenção de Viena.

“Troca de galhardetes já se tornou muito comum”

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Para José Milhazes, esta decisão pretende mostrar que a Rússia "não perdoa nenhum tipo de ação dirigida contra" os seus diplomatas. Alerta, no entanto, que se Portugal reagir de igual forma poderá ficar em risco "de fechar a embaixada em Moscovo".

“A Rússia tenta mostrar que não perdoa nenhum tipo de ação dirigida contra os seus representantes diplomáticos. Por isso, este empresário português Acácio Durães, que era cônsul honorário, reconheceu, numa conversa que tivemos, que parece tratar-se, claramente, de uma retaliação pela tomada de posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros português em relação ao cônsul honorário da Rússia em Faro, por alegadas ligações ilegais à concessão de vistos gold”, afirma o comentador em declarações à SIC Notícias.

Na antena da SIC, José Milhazes sublinha que esta “troca de galhardetes já se tornou muito comum”, mas alerta que Portugal tem um “número muito limitado de diplomatas” na Rússia.