Guerra Rússia-Ucrânia

"Putin volta a fazer um discurso delirante, irresponsável, mentiroso, de inversão"

A análise do comentador da SIC, Germano Almeida, ao Dia da Vitória e o discurso de Putin em Moscovo, ao Dia da Europa e Von der Leyen em Kiev, à renegociação do acordo dos cereais e a questão das próximas eleições Presidenciais na Turquia.

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No discurso do Dia da Vitória, o Presidente russo disse que foi desencadeada contra a Rússia uma autêntica guerra garantindo a vitória e acusando o "ocidente" de ser a causa da divisão, dos conflitos e das revoluções no mundo. O comentador da SIC Germano Almeida não tem dúvidas em afirmar que o discurso de Putin é desonesto.

"Contra a nossa Rússia foi desencadeada, outra vez, uma autêntica guerra. Mas, nós resistiremos ao terrorismo internacional e também defenderemos os habitantes do Donbas [território anexado na Ucrânia] assim como vamos garantir a nossa segurança", disse Putin no discurso perante as tropas em parada na Praça Vermelha, em Moscovo.

“Sem qualquer vitória relevante para assinalar neste Dia da Vitória, Putin volta a fazer um discurso delirante, irresponsável, mentiroso, de inversão, dizendo que a Rússia está a ser vítima de uma verdadeira guerra contra a pátria Rússia, mas que está a resistir ao que ele diz ser o ‘terrorismo internacional’”, diz Germano Almeida.

A Rússia assinala hoje o Dia da Vitória, que comemora a vitória europeia dos Aliados sobre o regime da Alemanha nazi, no final da II Guerra Mundial, em 8 de maio 1945. Nos países sob influência da antiga União Soviética, a partir de 1967, o Dia da Vitória começou a ser comemorado nos dias 9 de maio, referindo-se ao dia da capitulação das forças nazis perante as tropas soviéticas, e passou a ser considerado um dia feriado.

“É delirante [Putin] dizer que hoje o que se passa na Ucrânia é um ataque das elites ocidentais contra a Rússia, mas é o escape, digamos assim, perante a incapacidade de ganhar aquela guerra, 442 dias depois” de lançar a invasão da Ucrânia.

Dia da Europa

No dia em que se assinala o Dia da Europa e a "Declaração Schuman", considerada como o momento fundador da atual UE, Olaf Scholz discursa no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e Ursula von der Leyen está hoje na Ucrânia para "preparar terreno" para a adesão à UE.

“É muito simbólico que Ursula von der Leyen esteja hoje em Kiev, é a quinta visita da presidente da Comissão Europeia à Ucrânia desde o início da guerra (…) Von der Leyen e Zelensky vão certamente discutir mais pormenores sobre o caminho para a adesão [da Ucrânia à UE]".

Acordo dos cereais e Turquia

Quarta e quinta-feira haverá nova ronda em Istambul para discutir o acordo para a exportação de cereais através do Mar Negro, confirmou hoje o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros. O atual acordo, em vigor até ao próximo dia 18 de maio, foi alcançado com a mediação das Nações Unidas e da Turquia. Moscovo já disse que não vai prolongar a data, a menos que sejam cumpridas as exigências russas, sobretudo no que diz respeito ao fim dos obstáculos das exportações de cereias e de fertilizantes da Rússia.

“Estamos num grande impasse (…) o Presidente Erdogan está com grandes problemas em conseguir a reeleição daqui a uns dias [domingo], a Turquia neste momento está nesse impasse de não ter a capacidade de ser o mediador que foi há uns meses”.

“Há risco forte desse acordo, no mínimo, ser adiado”.