O secretário geral da ONU congratula-se com o prolongamento do acordo de exportação de cereais do Mar Negro a partir dos portos ucranianos por mais 2 meses. António Guterres saúda a Federação Russa por continuar a participar neste esforço conjunto. No contexto da guerra na Ucrânia, o secretário-geral da NATO reúne-se esta quinta-feira com António Guterres em Lisboa. Quais os principais objetivos de Jens Stoltenberg na deslocação a Lisboa? Estes são os temas em análise por Ana Evans, professora de Filosofia Política e Economia da Universidade Católica.
Portugal está incluído no périplo do secretário-geral da Aliança Atlântica por países da NATO para coordenar aquilo que serão depois os acordos na próxima cimeira na Lituânia, em julho.
Para Ana Evans, as principais preocupações de Stoltenberg nesta deslocação são as seguintes:
- "O facto de Portugal ser um dos países que está na cauda dos membros NATO em termos do investimento que fazem em Produto Interno Bruto na área da Defesa, porque nós estamos abaixo dos 2% que são o mínimo exigido pela NATO, e portanto este vai ser um ponto importante das negociações".
- "Coordenar não apenas quanto é que se investe, mas também onde é que se vão colocar forças e de que forma é que o país vai estar envolvido em determinados lugares onde as forças estão e onde há formação.”
- A alteração da “bussula estratégica da NATO”. “Em 2021, quando Stoltenberg esteve em Lisboa, a Rússia era um parceiro estratégico da NATO. Neste momento a Rússia é tudo menos um parceiro estratégico. A China neste momento também é um grande motivo de preocupação para a Europa e para a NATO e da última vez que Stoltenberg esteve em Lisboa isso não acontecia. Nós estamos num mundo completamente diferente daquele que existia há um ano e meio”.
- O que fazer com a Ucrânia? A Ucrânia gostaria de entrar na NATO, uma das exigências para o fim da guerra no lado russo é que a Ucrânia não seja membro da NATO".
Acordo de cereais prolongado
Quanto ao prolongamento do acordo de cereais, “a Rússia aproveita a força que ganha em termos de exigências para tentar impedir que seja feita a renovação sem conseguir algumas concessões, muitas vezes concessões que têm a ver com a questão das suas exportações e das sanções”, explica a professora de Filosofia Política e Economia da Universidade Católica.
Ana Evans destaca também que “a Rússia acusa o Ocidente de estar a prejudicar a sua capacidade de exportação dos fertilizantes, por exemplo, porque as sanções ocidentais embora oficialmente não dirigidas à alimentação ou aos fertilizantes vão prejudicar a capacidade que empresas seguradoras têm de operar no Mar Negro”.
Por seu lado, a Ucrânia acusa a Rússia de fazer chantagem e de prejudicar os países mais necessitados de África e da Ásia. Nesta troca de acusações, o facto é que Moscovo garante o cumprimento de alguma exigência,
A Rússia assegura, nomeadamente, a retoma de uma conduta de amónia que também é muito importante nos fertilizantes e que passa no Mar Negro.