A região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, está a ser atacada. O governador local fala num ataque com drones e de combatentes armados ucranianos, mas um grupo paramilitar russo anti-Putin reivindica o ataque. A defesa russa lançou uma operação “contraterrorista”.
A operação antiterrorista lançada segunda-feira na região russa de Belgorod, alvo de uma incursão de combatentes armados que a Rússia acusa serem provenientes da Ucrânia, prossegue esta manhã, anunciou o governador local, Viatcheslav Gladkov.
"A operação de busca conduzida pelo Ministério da Defesa e pela polícia continua" hoje no distrito de Graïvoron, escreveu Gladkov no Telegram. "A polícia está a fazer tudo o que é necessário", assegurou o governador, apelando aos habitantes que foram retirados de casa para não regressarem por enquanto.
O governador afirma que foram abatidos drones sobre a região pelo sistema de defesa antiaérea.
“Duas casas foram atingidas por drones em Graivoron”, disse Gladkov acrescentando que em Borissovka um drone atacou um edifício administrativo e outro atingiu uma casa destruindo o telhado.
Civis retirados de nove localidades russas na fronteira
Os civis deixaram pelo menos nove localidades russas na região de Belgorod, informou o governador ao denunciar que "vários municípios sofreram muitos bombardeamentos".
"A limpeza dos territórios continua. Moradores de Grayvoron, Novostroevka, Gorkovsky, Bezymeno, Mokraia Orlovka, Glotovo, Gora Podol, Zamostye e Spodaryusheno foram deslocados", disse Vyacheslav Gladkov no Telegram, relatando dezenas de disparos de artilharia em várias localidades fronteiriças.
Milhares de pessoas têm estado a fugir da região desde ontem. Pelo menos uma mulher morreu e várias pessoas ficaram feridas.
Kremlin denuncia ataques de “militantes ucranianos”
O Kremlin diz que "militantes ucranianos" ainda estão ativos na região fronteiriça de Belgorod. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a campanha militar da Rússia na Ucrânia foi lançada para evitar tais incursões e que mais esforços são necessários do lado russo para evitar tais incidentes.
"O que aconteceu ontem desperta profunda preocupação e mais uma vez demonstra que os combatentes ucranianos continuam as suas atividades contra o nosso país. Isso exige de nós mais esforços, esses esforços continuam sendo feitos e a operação militar especial (na Ucrânia) continua para que isso não aconteça novamente", disse aos jornalistas.
Kiev nega participação na incursão
Kiev disse hoje que está a observar de perto a situação em Belgorod, mas que “não tem nada a ver” com o que se está a passar.
As autoridades ucranianas afirmam continuar a lutar pela cidade de Bakhmut, que Moscovo afirma ter conquistado desde sábado toda a cidade devastada, palco de uma longa batalha da guerra.
Grupo paramilitar russo anti-Putin reivindica incursão
Os ataques nesta região que fica perto da fronteira com a Ucrânia já foram reivindicados por um grupo paramilitar russo que diz ser anti-Putin. Mas Moscovo continua a acusar Kiev.
A operação foi reivindicada num canal do Telegram que se apresenta como pertencendo à Legião da Liberdade para a Rússia, um grupo de russos que luta do lado ucraniano e que já tinha afirmado estar por trás de anteriores incursões na região.

“Incursão de combatentes da Ucrânia em curso na Rússia”
A Rússia decretou na segunda-feira uma operação "antiterrorista" na região de Belgorod para repelir um grupo de combatentes armados que entraram no território russo.
Segundo as autoridades da região, pelo menos seis pessoas ficaram feridas
O FSB (serviços especiais russos) decretou na região o “regime legal de zona de operação antiterrorista”, dando poderes acrescidos às autoridades para realizar operações armadas, controlar civis ou mesmo retirar pessoas. É a primeira vez desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022 que tal acontece, segundo a AFP.
“As Forças Armadas Russas, juntamente com Guardas de Fronteira, Guarda Nacional e Serviços de Segurança estão a tomar todas as medidas necessárias”, escreveu o governador da região de Belgorod, Viatcheslav Gladkov, no Telegram, na segunda-feira.