A Ucrânia ironizou esta terça-feira as felicitações da ONU à Rússia pelo dia da língua russa, publicando no Twitter uma fotografia com uma montagem que mostra a assembleia-geral inundada, numa referência ao ataque contra a barragem de Kakhovka.
"Feliz Dia da Língua Russa, Nações Unidas", escreveu a conta oficial da Ucrânia no Twitter em resposta a outra mensagem da ONU na qual menciona esta data simbólica, que coincide com o dia do nascimento - 6 de junho - do poeta russo Aleksandr Pushkin.
A mensagem da Ucrânia representa uma crítica ao que considera ser insuficiente a resposta das Nações Unidas ao ataque à barragem da central hidroelétrica de Kakhovka, depois de o secretário-geral António Guterres ter condenado o sucedido, mas sem culpar a Rússia diretamente.
"As Nações Unidas não têm acesso a informações independentes sobre as circunstâncias que levaram à destruição da barragem hidroelétrica de Kakhovka. Mas uma coisa é clara: esta é outra consequência devastadora da invasão russa da Ucrânia", afirmou Guterres.
"A tragédia de hoje é mais um exemplo do terrível preço da guerra para as pessoas (...). Isso deve acabar. Os ataques a civis e a infraestruturas civis críticas devem parar. Devemos agir para garantir a responsabilidade e o respeito ao direito humanitário internacional", observou.
Ataque coloca em risco dezenas de localidades
Durante a madrugada desta terça-feira, o Comando Sul das Forças Armadas ucranianas denunciou a destruição desta infraestrutura por parte da Rússia e indicou que está a investigar a magnitude dos danos, bem como a velocidade e a quantidade de água que afetaria zonas de inundação.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou "terroristas russos" pela destruição da barragem, que foi rejeitada pelo Kremlin (Presidência russa), que nas palavras do seu porta-voz, Dmitri Peskov, foi um claro e deliberado ato de sabotagem planeado e executado pelo regime de Kiev.
ONU reúne-se de emergência
O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) vai reunir-se de urgência para abordar a explosão ocorrida esta terça-feira na barragem ucraniana de Kakhovka (sul), no rio Dniepre, cuja autoria gerou trocas de acusações entre Kiev e Moscovo. A reunião foi agendada para as 16:00 locais (21:00 hora de Lisboa).
Tanto a Ucrânia como a Rússia solicitaram uma reunião do órgão máximo de decisão das Nações Unidas para discutir a destruição parcial desta infraestrutura, que provocou uma situação de emergência na região ucraniana de Kherson (sul).
Rússia tem poder de voto nas Nações Unidos
Embora tenha mantido dezenas de reuniões sobre a guerra na Ucrânia desde que se iniciou a invasão russa, em fevereiro de 2022, o Conselho de Segurança da ONU permanece totalmente bloqueado sobre o tema devido ao poder de veto detido pela Rússia, um dos cinco membros permanentes do órgão.
A guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de baixas civis e militares no conflito, mas diversas fontes, incluindo as Nações Unidas, têm admitido que será muito elevado.
A Ucrânia tem contado com o apoio dos aliados ocidentais no fornecimento de armamento, aliados esses que também impuseram sanções contra os interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra no território ucraniano.