As inundações em redor de Kherson após o colapso da barragem condicionam a contraofensiva ucraniana, diz Germano Almeida, que faz o ponto da situação dos avanços e recuos ucranianos.
“Neste momento, há uma barreira líquida que não sabemos quanto tempo vai continuar ali. Não impediu o início da contraofensiva, mas certamente alterou os planos numa área muito grande e decisiva no sul da Ucrânia”.
Ponto da situação neste momento:
“O foco da contraofensiva está na interceção dos oblasts de Donetsk, na parte final do corredor terrestre Leste com Zaporíjia, ou seja, o início do corredor Sul e é ali que nos últimos dias a Ucrânia começou contraofensiva com alguns ganhos. É verdade que ainda não muito significativos, pequenos, mas bastante importantes. a Rússia é preciso dizer, continua com superioridade de meios lá”.
"A Ucrânia ontem terá conseguido avançar, mas estamos a falar de 200 a 300 metros, em direção a Bakhmut e depois mais a sul, na zona de Zaporíjia entre 300 e 500 metros. Nos últimos dias, a Ucrânia terá conquistado sete localidades, quatro no oblast de Donetsk e três no oblast de Zaporíjia.
“Nas próximas semanas, a Ucrânia vai conseguir avançar, nomeadamente em direção a Berdyansk e Mariupol, de modo a tentar reconquistar o acesso ao mar de Azov.”
Bielorrússia afirma ter começado a receber armas nucleares de Moscovo
A Bielorrússia começou a receber armas nucleares táticas da Rússia e a Lukashenko veio dizer que não hesitaria em usar essas armas se o seu país fosse alvo de um ataque externo.
“Interpreto isso de duas maneiras, primeira, olhando para outros momentos da guerra, percebemos que o agitar da questão da ameaça das armas nucleares táticas na Bielorrússia é algo que a Rússia faz quando quer fazer distrair algo que não está a correr bem no outro ponto e tem a ver, na minha opinião, diretamente com a questão do início da contraofensiva ucraniana”.
O segundo ponto diz respeito à cimeira da NATO
“A Rússia, que confirmou essas declarações de Lukashenko, diz que vai começar a colocar essas armas na Bielorrússia entre os dias 7 e 8 de julho - exatamente os dias anteriores à Cimeira da NATO e, portanto, claramente há uma ligação”.
Medvedev sugere a criação de uma zona desmilitarizada em Lviv
O antigo Presidente russo Medvedev sugeriu a criação de uma zona desmilitarizada em Lviv, o que é, para Germano almeida, “claramente uma provocação porque o ex-Presidente russo e Vice-Presidente do Conselho de Segurança russo não tem que achar que haja uma zona desmilitarizada em Lviv porque Lviv não é Rússia, é Ucrânia”.
Tal como Medvedev disse há uns dias que Kiev não vai ser Ucrânia vai ser russa, é mostrar que para a Rússia, para o para o Kremlin os objetivos na Ucrânia não se ficam pelo corredor terrestre e a Sul, onde também onde estamos a ver está está a ter grandes dificuldades, mas continuam a ser essa parte mais distante da Rússia, que é a ponta Oeste, Lviv e a ponta Oeste da Ucrânia e é uma cidade que faz fronteira com a Polónia.
A questão da zona desmilitarizada faz-nos lembrar aquilo que é a proposta da Indonésia de paz, que é criar uma zona de desmilitarizada na linha da frente, que é muito mais a Leste.
Cimeira da NATO na Lituânia
No encontro em Vilnius, será discutida a futura integração da Ucrânia na organização e a entrada da Suécia.
“Apesar das últimas indicações de Erdogan ao dizer que não será nesta cimeira que vai dar o sim [à Suécia] eu acho que ainda é possível que essa seja a grande notícia da cimeira”.
Quanto à Ucrânia, Stoltenbeg já disse que a Ucrânia não vai entrar enquanto continuar a guerra.
"No entanto, a chave é que essa cimeira vai selar um grande, um grande aumento do apoio à Ucrânia, com sinais muito claros, porque nos últimos dias houve novos pacotes de ajuda militar à Ucrânia por parte dos Estados Unidos".