Guerra Rússia-Ucrânia

Quem é Prigozhin, o cozinheiro de Putin que se tornou líder do seu exército privado

Yevgeny Prigozhin é uma figura incontornável da Rússia de Putin. O magnata da restauração que se tornou oligarca com influência política, o líder do Grupo Wagner que liderou a rebelião contra Moscovo.

Quem é Prigozhin, o cozinheiro de Putin que se tornou líder do seu exército privado
Alexei Druzhinin

O empresário russo Yevgeny Prigozhin é uma figura controversa tanto a nível interno como internacional. É muito próximo de Putin e do Kremlin e teve uma ascensão meteórica dentro do aparelho que suscita muitas especulações. Lidera um grupo paramilitar chamado Grupo Wagner que tem estado ao serviço do Kremlin em várias frentes. Até agora.

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De vendedor de cachorros quentes a magnata dos restaurantes (passando pela prisão)

Prigozhin nasceu em 1961 em Leningrado (atual São Petersburgo, terra Natal de Putin) numa família da classe operária. A sua primeira condenação criminal data de 1979, com 18 anos. Foi condenado a uma pena suspensa de dois anos e meio por roubo. Dois anos depois, foi condenado a 13 anos de prisão por roubo e furto, nove dos quais cumpriu mesmo atrás das grades.

Após ter saído da prisão, Prigozhin montou uma rede ambulante de venda de cachorros quentes em São Petersburgo. Os negócios correram bem e em poucos anos, na década de 1990, Prigozhin criou a sua empresa de restauração, nomeadamente o restaurante New Island, famoso entre a elite de Moscovo.

Foi por esta porta que entrou no Kremlin, no final dos anos 1990. Ficou conhecido como um "chef do Kremlin", fornecendo serviços de catering a altos funcionários do Governo e desenvolveu estreitos laços com Vladimir Putin.


Foto de arquivo de 11 de novembro de 2011. O empresário Yevgeny Prigozhin, à esquerda, servindo comida ao primeiro-ministro russo Vladimir Putin, centro, durante jantar no restaurante Prigozhin em Moscovo.
Misha Japaridze

Relação com Putin e o exército privado

Os laços estreitos de Prigozhin com Putin e, consequentemente, com o Kremlin e a sua riqueza tornaram-no uma das figuras mais poderosas da Rússia.

É (ou era) o mais poderoso de um grupo de aliados de Putin que controla o que é de facto um exército privado do Presidente russo, em que são recrutados militares ou ex-espiões e condenados.

O lema do Grupo Wagner é: "Sangue, honra, Pátria, coragem".


Acusações de interferência eleitoral e a "fábrica de trolls"

Prigozhin é suspeito de interferência em processos eleitorais estrangeiros, nomeadamente através da “fábrica de trolls” com sede em São Petersburgo que foi criada para espalhar propaganda pró-Kremlin online.

A Internet Research Agency (IRA) era usada para manipular a opinião pública. O IRA era uma operação sofisticada, com centenas de funcionários que usavam as redes sociais para divulgar mensagens pró-Kremlin e atacar opositores. O Kremlin negou qualquer envolvimento no IRA, mas Prigozhin foi associado e acusado de fornecer apoio financeiro.

Prigozhin estará por trás do financiamento das operações para influenciar eleições, nomeadamente as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016. Prigozhin nega qualquer envolvimento e em quaisquer outras atividades do género.

O governo dos EUA não forneceu nenhuma prova concreta. A acusação dos EUA contra Prigozhin e 12 outros indivíduos ainda está pendente no tribunal federal dos EUA.


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Grupo Wagner e atividades mercenárias

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 2014, ficou claro que Prigozhin não era um empresário comum. Uma empresa militar privada obscura estava a lutar contra as forças ucranianas na região leste de Donbass e estava associada ao nome do oligarca.

O Grupo Wagner é uma força paramilitar privada russa com atividades controversas em conflitos internacionais, como na Síria e na Ucrânia. Está também ativo em África em atividades que promovam a agenda do Kremlin - como combater a influência francesa no Mali.

O grupo mercenário ganhou uma reputação de violência e de brutalidade.

Durante anos, Prigozhin negou qualquer ligação com o Grupo Wagner e chegou a processar que o acusava dessa ligação. Mas em setembro de 2022 admitiu publicamente que fundou o grupo em 2014.

Os EUA, a UE e o Reino Unido impuseram sanções ao Grupo Wagner, mas na Rússia continua no ativo, mesmo que a lei russa proíba “atividades mercenárias”.

Durante anos a negar sequer existência de Wagner, em julho de 2022, os media estatais russos - controlados pelo Kremlin - admitiram que este grupo lutava no leste da Ucrânia.

Prigozhin também começou a publicar vídeos nas redes sociais - aparentemente filmados em partes ocupadas da Ucrânia - em que se gabava das conquistas e façanhas do grupo de mercenários na guerra.

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