O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, visita tropas de Moscovo, deslocou-se a um posto de comando das forças russas na Ucrânia e "reuniu-se com os líderes" de uma das unidades. Após duras críticas do líder Wagner, Ricardo Alexandre, diretor adjunto da TSF, e Germano Almeida, comentador SIC, consideram que isto é o primeiro passo para a Rússia se compor internamente.
A televisão estatal russa transmitiu esta segunda-feira imagens do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, a inspecionar as forças russas na Ucrânia, naquela que é a primeira aparição pública após a rebelião suspensa do grupo paramilitar Wagner.
Para Ricardo Alexandre, é uma tentativa de restaurar a autoridade, dado que o seu aparecimento “nem é algo muito frequente”.
“Parece-me que é uma intenção de mostrar trabalho, controlo da situação e que os objetivos [guerra na Ucrânia] não mudaram”, explica o diretor-adjunto da TSF.
Já Germano Almeida considera que isto é uma demonstração de poder e para evidenciar que a Rússia está atenta.
“É um sinal de aparente força, ao contrário dos outros dias em que vimos uma tentativa de decapitação da liderança”, explica.
Da mesma forma, Germano Almeida relembra que esta segunda-feira o Conselho de Segurança russo se vai reunir, tendo o encontro sido antecipado. algo que pode dar a entender a necessidade de restruturação.
Já fora das fronteiras da Rússia, está Prigozhin na Bielorrússia e, desde que saiu de Rostov num carro em que foi cumprimentado por muita gente, que ninguém sabe dele.
“Chamo a atenção porque a última coisa que sabemos dele é no carro em Rostov, não temos informação da chegada e ele costuma ser dado a difundir mensagens via Telegram, não há nada a partir daí, partindo do princípio que ainda está vivo, na Bielorrússia, depende do que é que se estabeleceu no acordo”, acautela Ricardo Alexandre.
Para além disso, houve certos momentos da marcha do grupo Wagner até Moscovo que podem indicar a surpresa e fragilidade das milícias russas e do próprio Putin, o que leva a considerar o perigo em que Prigozhin se encontra.
“Se pensarmos nas medidas que foram tomadas em Moscovo, na disrupção momentânea da vida normal, percebemos que as autoridades russas estavam a levar aquilo a sério, mas faltam dados para percebermos a razão para Prigozhin parar”, diz Alexandre.
Já em outras fronteiras, de novo, a Ucrânia tornou-se quase o terceiro elemento desta guerra por breves horas, tendo ficado espetadora de outra frente de combate que estava prestes a montar-se.
Tendo isto em conta, e de acordo com as reações dos líderes do Ocidente, a Ucrânia tem aqui uma brecha para se elevar, se também garantir mais apoio militar de outros Estados.
Ficou evidente a capacidade igual ou superior do exército ucraniano.
"[Tropas ucranianas} têm de mostrar isso no terreno e na contraofensiva, anteontem vimos a maior humilhação pública de Putin em mais duas décadas de governo, perante as suas características não vai aceitar esta humilhação, como é que Putin vai mostrar que é ele que manda, perante isto Putin está a preparar uma narrativa de controlo e recuperação interna e externa", refere Germano.
Já Ricardo Alexandre lembra que, tanto a conclusão de Washington, como de Kiev, é que as fragilidades do regime russo abrem uma oportunidade para um reforço militar da Ucrânia, como em misseis.