Guerra Rússia-Ucrânia

EUA vão mesmo enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia

Os Estados Unidos preparam-se para anunciar, esta sexta-feira, um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia do qual fazem parte bombas de fragmentação. Os defensores da proibição deste tipo de armas dizem que estas matam indiscriminadamente.

EUA vão mesmo enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia
STRINGER

O Governo norte-americano fornecerá bombas de fragmentação ('cluster') à Ucrânia num novo pacote de ajuda militar que deverá ser anunciado pelo Pentágono na sexta-feira, noticiou a agência Associated Press.

A decisão surge apesar das preocupações generalizadas de que as controversas bombas de fragmentação possam causar vítimas civis, segundo fontes próximas do dossier citadas pela mesma agência.

O Pentágono fornecerá bombas com uma "taxa de insucesso" reduzida, o que significa que haverá muito menos cartuchos não detonados que podem resultar em mortes não intencionais de civis.

Autoridades norte-americanas disseram esta quinta-feira que o próximo pacote de assistência militar à Ucrânia deverá ascender a 800 milhões de dólares (735 milhões de euros).

Há muito procuradas pela Ucrânia, as bombas de fragmentação libertam subbombas que se espalham por uma grande área e visam causar destruição em vários alvos ao mesmo tempo.

Segundo a AP, autoridades e outros funcionários familiarizados com a decisão não foram autorizados a discutir publicamente a decisão antes do anúncio oficial e falaram sob condição de anonimato.

As autoridades ucranianas pediram essas armas de forma a alavancar a sua campanha para passar pelas linhas de tropas russas, na contra-ofensiva em andamento.

As forças russas já usam bombas 'cluster' no campo de batalha, disseram autoridades dos Estados Unidos.

Autoridades norte-americanas disseram esta quinta-feira que a taxa de bombas não detonadas do tipo de bombas que irá para a Ucrânia é inferior a 3% e, portanto, significará menos ameaças para os civis.

As bombas de fragmentação podem ser disparadas pela artilharia que Washington forneceu à Ucrânia, e o Pentágono tem um grande stock das mesmas.

O último uso em larga escala de bombas de fragmentação por parte dos Estados Unidos foi durante a invasão do Iraque, em 2003, de acordo com o Pentágono.

Mas as forças norte-americanas consideraram essas bombas uma arma-chave durante a invasão do Afeganistão, em 2001, de acordo com a Human Rights Watch.

Nos primeiros três anos desse conflito, estima-se que a coligação liderada pelos Estados Unidos tenha lançado mais de 1.500 bombas 'cluster' no Afeganistão.

Os defensores da proibição das armas de fragmentação dizem que elas matam indiscriminadamente e colocam civis em perigo muito tempo depois do seu uso e algumas ONG alertaram para as consequências da utilização dessas bombas pela Rússia na Ucrânia.

Uma convenção que proíbe o uso de bombas de fragmentação foi acompanhada por mais de 120 países que concordaram em não usar, produzir, transferir ou armazenar as armas e destruí-las depois de usadas.

Os Estados Unidos, Rússia e a Ucrânia estão entre os países que não assinaram essa convenção.