As autoridades russas impediram a passagem de um navio estrangeiro que deveria recolher cereais depois de terem detetado vestígios de explosivos no porão, anunciou esta segunda-feira, o Serviço de Segurança Federal (FSB) da Rússia.
O incidente ocorreu a 22 de julho, quando o navio navegava da Turquia para Rostov-on-Don, no sul da Rússia, "para recolher uma carga de cereais", disse o FSB, citado pela agência russa TASS.
As autoridades russas negaram a passagem do navio pelo Estreito de Kerch, entre os mares Negro e de Azov.
Além dos alegados vestígios de explosivos, "também foram identificados sinais de manipulação externa dos elementos estruturais do cargueiro", segundo o FSB.
No final de maio, o navio tinha atracado no porto ucraniano de Kilia, no rio Danúbio, na região sul de Odessa, de acordo com o FSB.
Em julho, foi localizado no porto turco de Tuzla, onde a tripulação foi substituída por uma nova equipa de 12 ucranianos e o nome do navio foi alterado, segundo a Rússia.
"As circunstâncias acima descritas indicam que um navio civil estrangeiro pode ter sido utilizado para entregar explosivos à Ucrânia", afirmou o FSB, segundo a agência espanhola EFE.
Os vestígios de explosivos foram detetados durante uma inspeção de controlo realizada pelo FSB aos navios que passam pelo Estreito de Kerch para prevenir ações terroristas e garantir a segurança da navegação.
"Foi decidido proibir o navio de passar (...) pelo Estreito de Kerch e também a sua posterior partida para águas além do mar territorial da Federação Russa", disse o FSB.
Rússia anunciou fim dos acordos para exportação de cereais ucranianos
A Rússia anunciou na semana passada que suspendia os acordos de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não tinham sido cumpridos.
Moscovo alegou que os acordos deviam também permitir a exportação de cereais e fertilizantes russos, que foi afetada pelas sanções impostas pelo Ocidente devido à guerra na Ucrânia.
Os acordos sobre os cereais ucranianos, celebrados há um ano, envolvem a Rússia, a Ucrânia, a Turquia e as Nações Unidas.
A iniciativa permitiu a exportação de quase 33 milhões de toneladas de alimentos de três portos do sul da Ucrânia, considerados cruciais para a descida dos preços globais e segurança alimentar nos países mais desprotegidos.
Os cereais estavam retidos na sequência da invasão russa da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022.
No âmbito da iniciativa, os navios envolvidos na operação são inspecionados no porto turco de Istambul por uma comissão com representantes de todas as partes.
A Rússia avisou desde o início da vigência dos acordos que não iria permitir que os navios envolvidos pudessem ser utilizados para transferir armamento para a Ucrânia.