Guerra Rússia-Ucrânia

Visita de ministro russo à Coreia do Norte mostra perda de "aliados influentes"

Ucrânia afirma que a visita do ministro da Defesa, Sergei Shoigu é "realmente reveladora" e mostra a "grande necessidade" da Rússia por armas, especialmente munições de artilharia.

Visita de ministro russo à Coreia do Norte mostra perda de "aliados influentes"
AP

As autoridades ucranianas consideraram esta segunda-feira que a visita do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, a Pyongyang, capital da Coreia do Norte, mostra que a Rússia ficou sem "aliados influentes" e tem de recorrer a "pobres tiranias".

Vadim Skibitski, dos serviços de informações do Ministério da Defesa da Ucrânia, referiu-se à visita de Shoigu nesses termos em entrevista ao portal de notícias Obozrevatel, na qual também indicou que não acredita que o apoio da Coreia do Norte à Rússia possa influenciar o curso da guerra.

Skibitski afirmou que a visita de Shoigu é "realmente reveladora" e mostra a "grande necessidade" da Rússia por armas, especialmente munições de artilharia. No entanto, vê como improvável que esse eventual apoio "tenha um efeito drástico no curso das hostilidades".

Por outro lado, Skibitski descartou que a Rússia seja capaz de levar a cabo num futuro próximo qualquer tipo de ofensiva militar que não possa ser contrariada pela Ucrânia, apesar de, segundo afirmou com base nos seus relatórios, estar a planear a mobilização em breve de várias centenas de milhares de efetivos.

"A mobilização em massa é uma decisão impopular, mas eles não têm outra saída. Estão a preparar-se há muito tempo", declarou Skibitski, que lembrou como a "grande ofensiva" de Moscovo no inverno não teve resultados.

"Não veremos nada em breve para o qual não estejamos preparados", disse ainda. Em 26 de julho, Serguei Shoigu descreveu a Coreia do Norte como um "parceiro importante" para a Rússia, durante uma reunião em Pyongyang com o seu homólogo norte-coreano, Kang Sun Nam.

"A República Popular Democrática da Coreia é um parceiro importante para a Rússia, com a qual estamos ligados por uma fronteira comum e uma rica história de cooperação", afirmou Shoigu, citado num comunicado do Ministério da Defesa.

O ministro russo afirmou ainda que pretende "reforçar a cooperação militar" entre os dois países, segundo a agência francesa AFP.

Shoigu chefiou a delegação russa às cerimónias do 70.º aniversário do armistício da Guerra da Coreia (1950-1953), que levou à divisão da península do norte da Ásia Oriental em dois países.

Na mesma ocasião, o líder da Coreia do Norte apresentou ao ministro da Defesa russo as armas mais avançadas do país, como mísseis balísticos intercontinentais e novos 'drones' militares, noticiaram os meios de comunicação social estatais locais.

Em várias imagens publicadas, Kim Jong-un acompanhava Serguei Shoigou através de uma vasta exposição de defesa, na qual se contavam os mísseis nucleares de Pyongyang e que o 'site' especializado NK News, baseado em Seul, identificou como novos aparelhos aéreos sem piloto (UAV, na sigla em inglês).

Dias mais tarde, os Estados Unidos afirmaram que tinham suspeitas de que Shoigu esteve na Coreia do Norte para garantir o fornecimento de armas necessárias para a guerra na Ucrânia.

Na sequência da rara visita a Pyongyang do ministro da Defesa russo, o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken declarou que a Rússia estava a comprar armas aos aliados.

"Vemos a Rússia a procurar desesperadamente apoio, armas, onde quer que as possa encontrar, para continuar a agressão contra a Ucrânia", comentou, acrescentando:

"Vemos isso com a Coreia do Norte, vemos isso com o Irão, que forneceu à Rússia muitos 'drones', usados para destruir infraestruturas civis e matar civis na Ucrânia".

A Rússia e a China mantêm laços próximos com Pyongyang e têm usado o poder de veto como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para impedir a condenação do regime norte-coreano, nomeadamente pelos testes de mísseis.