Guerra Rússia-Ucrânia

Principal opositor ao Kremlin faz apelo aos russos antes das eleições

"Escolham um candidato que não seja membro da Rússia Unida, há muitos bons", disse Alexei Navalny, a partir da prisão. O opositor admitiu esperar um elevado nível de fraude nas eleições regionais em setembro.

Principal opositor ao Kremlin faz apelo aos russos antes das eleições
Alexander Zemlianichenko

O principal opositor ao regime vigente na Rússia, Alexei Navalny, apelou esta segunda-feira, a partir da prisão, aos cidadãos russos para irem votar "em qualquer candidato" menos naqueles que estão no poder, nas eleições regionais de 10 de setembro.

"Devemos votar", escreveu na sua página da Internet o crítico de longa data do Presidente russo, Vladimir Putin.

"Escolham um candidato que não seja membro da Rússia Unida, há muitos bons", acrescentou, referindo-se ao partido no poder.

Os cidadãos russos vão às urnas para eleger o presidente da câmara de Moscovo e vários governadores regionais, num escrutínio considerado pela oposição como estando preparado para beneficiar o partido governante.

“Mais cedo ou mais tarde, haverá eleições livres”

Já na prisão a cumprir outra pena, Navalny, de 47 anos, foi condenado no início de agosto a 19 anos de prisão por "extremismo".

O opositor disse querer que os russos "conservem o hábito de ir às urnas", porque "mais cedo ou mais tarde, haverá eleições livres" no país.

Considerou também necessário "apoiar as pessoas que desejam candidatar-se" e "manter vivo o que resta dos procedimentos" para monitorizar o ato eleitoral.

No entanto, admitiu esperar um elevado nível de fraude e descreveu a eleição do autarca da capital como "falseada" e "sem sentido". A reeleição do presidente da câmara cessante, Serguei Sobianin, é encarada como uma mera formalidade.

Como Navalny acabou na prisão?

No 18.º mês da guerra contra a Ucrânia, a Rússia enfrenta uma vaga de repressão interna cujos alvos são tanto elementos destacados da oposição como milhares de cidadãos comuns que criticaram a ofensiva.

Na sexta-feira, um tribunal russo colocou o copresidente do grupo independente de observação de eleições Golos (que significa Voz) em prisão preventiva por pelo menos dois meses.

Alexei Navalny, atualmente com três condenações, começou a ser perseguido pela justiça russa antes do conflito na Ucrânia, mas o seu destino agravou-se desde então.

Foi detido ao regressar da Alemanha, no início de 2021, depois de ter sobrevivido 'in extremis' a um envenenamento que imputa aos serviços de segurança russos, em cumprimento de ordens do Kremlin (Presidência russa).

E a sua maratona judicial corre o risco de não ficar por aqui: o opositor indicou que vai também ser julgado por "terrorismo" no âmbito de outro caso, do qual são, por enquanto, conhecidos poucos pormenores.