O líder turco pretende falar com o Presidente russo sobre o reatamento do acordo sobre a exportação de cereais através do Mar Negro, de que a Rússia se retirou em julho. O encontro vai decorrer na próxima segunda-feira, na cidade russa de Sochi.
Para a comentadora da SIC, Mónica Dias, não existe grande hipótese de haver um acordo já esta segunda-feira.
“Seria muito bom, mas não tenho muita esperança que seja esta segunda-feira, porque este é um ponto que a Rússia entende que pode chantagear o Ocidente e a Ucrânia”.
A mesma opinião é partilhada por José Milhazes, que refere vários problemas. O primeiro passa pelo que a “a Rússia exige a ter acesso ao SWIFT para fazer transações com a moeda internacional”. E depois, há que ter em conta que as “seguradoras dos navios dos transportes de cereais não fazem os seguros a barcos russos que fazem transporte de cereais e adubos, por exemplo”.
O presidente da Turquia “tem todo o interesse que se faça este acordo” dos cereais não só porque o país precisa, mas porque seria uma “ótima oportunidade” para se mostrar “um grande pacificador”, acrescentou Mónica Dias.
No entanto, para os dois comentadores uma coisa é certa: “Erdogan tem de trazer alguma coisa... tem de trazer uma vitória, mas não parece que seja pelo plano de paz”, esclareceu a comentadora.
Todavia, José Milhazes logo acrescentou que o presidente turco já não vem de mãos a abanar, isto porque “uma das coisas que já está acertada entre a Rússia e a Turquia é um corredor para que os russos exportem para cereais para a Turquia, para que os transforme e envie para os países subdesenvolvidos. Já quem paga a fatura é o Qatar.”
Mas, “se Erdogan vai à Rússia e não consegue mais alguma coisa para além disso, vai ser um fracasso para Erdogan", concluiu.
Mónica Dias também não deixa de fazer referência aos argumentos apresentados por Lavrov, “que não fazem qualquer sentido”, referindo-se à ideia da “culpa se encontrar nos outros e no Ocidente e haver uma crise alimentar por causa da vontade do Ocidente”, explicou.
Para a comentadora isto só volta a demonstrar a “agressividade” russa e a “vontade imperial de decidir o destino de outros países”.
“O que é importante para o mundo é um acordo estável e isso contaria a lógica russa, que é sempre a da chantagem”, referiu na análise.