O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, comprometeu-se esta terça-feira perante a Assembleia Geral da ONU a intensificar os "esforços diplomáticos" para "acabar com a guerra" na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.
"Desde o início da guerra russo-ucraniana, temos tentado manter os nossos amigos russos e ucranianos à volta da mesa, com a ideia de que não haverá vencedores na guerra nem perdedores na paz", afirmou Erdogan ao intervir no debate de alto nível da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que arrancou hoje, em Nova Iorque, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo.
Integrando as suas palavras naquela que defende ser a sua "nova agenda para a paz", Erdogan garantiu também que vai continuar a pugnar pela prorrogação do acordo de cereais, suspenso por Moscovo e que tem impedido o envio de sementes para várias partes do mundo.
"Já conseguimos que 33.000 milhões de toneladas de cereais fossem exportados através do Mar Negro para os países mais necessitados e queremos que as duas partes se sentem à mesa para que se possa continuar com o processo", acrescentou, assumindo-se como o principal mediador da disputa.
Numa intervenção de mais de 35 minutos, Erdogan não fez qualquer referência às relações da Turquia com os Estados Unidos nem com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), mas, sem referir o nome do país, Suécia, denunciou que há Estados que "andam a brincar com o fogo" ao permitirem "incitamentos ao ódio" e "atos de racismo e de islamofobia".
"Somos o país que mais lutou contra o grupo Estado Islâmico e estamos fartos desse conflito que se tem alastrado ao Médio Oriente, ao Norte de África, ao Sahel e à Síria. Estamos também fartos da hipocrisia de alguns países que continuam a aprofundar o incitamento ao ódio e atos de racismo, promovendo a islamofobia", argumentou.
A Turquia tem bloqueado a adesão da Suécia à NATO por considerar que Estocolmo apoia o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, considerado um grupo terrorista por Istambul), criticando também o facto de alguns extremistas queimarem em público na capital sueca o livro sagrado do Islão, o Corão.