Guerra Rússia-Ucrânia

Ucrânia admite convidar a Rússia para próxima cimeira de paz

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia admitiu, em resposta à SIC, que o objetivo é a Rússia estar presente numa próxima cimeira da paz.

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A Cimeira para a Paz na Ucrânia, sem a participação da Rússia, termina hoje na Suíça, com as expectativas centradas no conteúdo da declaração final a ser adotada pelos representantes de perto de uma centena de países e organizações.

Em resposta a uma pergunta colocada pela SIC, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia Dmytro Kuleba, revela que o objetivo é a Rússia estar presente numa próxima cimeira da paz.

“A próxima cimeira deve significar o fim da guerra. Claro que precisamos que o outro lado se sente à mesa”.

Cimeira para a Paz na Ucrânia termina hoje com expectativa em torno da declaração final

O objetivo da conferência, organizada pela Confederação Suíça na sequência de um pedido nesse sentido do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é "inspirar um futuro processo de paz", tendo por base "os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz baseadas na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional".

Kiev espera obter nesta cimeira, que decorre na estância de Burgenstock, nos arredores de Lucerna, um largo apoio da comunidade internacional a um plano conjunto de paz, já na perspetiva de uma segunda cimeira, para a qual seria convidada a Rússia, que atualmente ocupa cerca de 20% do território da Ucrânia, na sequência da ofensiva militar lançada em fevereiro de 2022.

No entanto, há vários ausentes de peso, desde logo a Rússia, que por diversas ocasiões deplorou a realização de uma cimeira baseada no plano de paz apresentado em finais de 2022 por Zelensky -- que prevê na sua formulação inicial uma retirada das tropas russas do território ucraniano, compensações financeiras por parte de Moscovo e a criação de um tribunal para julgar os responsáveis russos -, e acusou a Suíça de perder a neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias.

Também a China decidiu não participar, dada a ausência de Moscovo.

No primeiro dia da reunião, Zelensky afirmou que apresentará propostas de paz à Rússia logo que estas tenham sido acordadas pela comunidade internacional.

"Quando o plano de ação estiver em cima da mesa, for aceite por todos e transparente para todos, então será comunicado aos representantes da Rússia, para que possamos realmente pôr fim à guerra", declarou na abertura da cimeira, manifestando-se convicto de que "vai ser feita história" nesta reunião.

Para hoje estão previstas três sessões temáticas, dedicadas a "aspetos cruciais para o início de um processo de paz sustentável na Ucrânia", com os líderes a debaterem as questões da segurança alimentar, nomeadamente para os países do chamado Sul Global, a segurança nuclear e várias questões humanitárias.

Da agenda faz também parte uma discussão sobre "a livre navegação no Mar Negro", uma vez que "é um pré-requisito indispensável para a exportação de alimentos entre o 'celeiro da Europa' [como é designada a Ucrânia] e os países do Sul Global [países do hemisfério sul]", de acordo com a organização.

Portugal está representado ao mais alto nível, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, com o chefe de Estado a intervir hoje de manhã na sessão pública plenária.

No final da primeira sessão de trabalhos, no sábado à noite, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a forte e diversificada adesão de países e organizações à cimeira, considerando que tal dá "um aspeto global muito importante" a este "primeiro passo" para o fim da guerra na Ucrânia.