Guerra Rússia-Ucrânia

Decisão inédita: Rússia restringe acesso a zonas fronteiriças com a Ucrânia

A decisão é inédita e surge poucas semanas depois de o Ocidente ter autorizado, sob certas condições, a Ucrânia a atacar alvos militares em território russo com armas ocidentais modernas.

Decisão inédita: Rússia restringe acesso a zonas fronteiriças com a Ucrânia
Stringer

A Rússia vai restringir o acesso às zonas fronteiriças com a Ucrânia a partir de 23 de julho devido aos bombardeamentos ucranianos, confirmando o fracasso de Vladimir Putin, que lançou uma ofensiva em maio para impedir estes ataques.

O chefe de Estado russo ordenou em 10 de maio um ataque surpresa das suas forças na região ucraniana de Kharkiv para criar uma zona tampão capaz de limitar o fogo ucraniano contra a região russa de Belgorod.

Embora as forças russas tenham conquistado algumas localidades ucranianas, nunca conseguiram criar essa "zona de segurança" ou romper as defesas adversárias.

De acordo com Kiev, Moscovo registou perdas muito pesadas neste ataque que ainda está em curso, noticiou a agência France-Presse (AFP).

"Vamos restringir o acesso a 14 localidades onde a situação operacional é extremamente difícil", anunciou na rede social Telegram o governador russo da região de Belgorod, Vyacheslav Gladkov.

A decisão é inédita, mas necessária segundo o responsável, que parece reconhecer que o estabelecimento de uma zona tampão falhou: "Já perdemos muitos civis, temos muitos feridos e a nossa tarefa é, de facto, tomar medidas de segurança máxima.

O anúncio surge poucas semanas depois de o Ocidente ter autorizado, sob certas condições, o seu aliado ucraniano a atacar alvos militares em território russo com armas ocidentais modernas.

Os ucranianos já realizavam ataques contra a Rússia há meses com equipamento próprio, mais antigo, menos preciso e de alcance mais restrito.

Para Kiev, trata-se de levar a luta para território russo e atacar locais utilizados para bombardear a Ucrânia.

A Rússia ainda ocupa quase 20% do território ucraniano e as perspetivas de um cessar-fogo continuam a ser mínimas, uma vez que as posições entre Kiev e Moscovo são nesta fase opostas.

Putin estabeleceu como pré-requisito para as discussões o abandono por parte da Ucrânia de cinco regiões cuja anexação Moscovo reivindica e da sua aliança com o Ocidente. Kiev, por sua vez, exige a retirada das forças russas.