O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse esta segunda-feira que os aliados não só deviam permitir o uso de armas de longo alcance, assim como fornecer mais armamento a Kiev.
“Se um dos países autorizou os ataques e nós recebemos essas mensagens através dos canais diplomáticos e dos meios de comunicação social, então precisamos de perceber se esse país nos forneceu armas. Não precisamos apenas de autorização, precisamos também de recebê-las, disse.
Acrescentou de seguida que "não recebemos tudo o que gostaríamos de utilizar. Não é apenas o desejo de queríamos utilizar essas armas, fizemos acordos que diziam que iríamos recebê-las. Portanto, há duas situações em que estamos a trabalhar. Agora estamos mais otimistas em relação a isso”.
Zelensky esteve reunido com o primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, em Zaporizhzhya, no sudoeste do país, e disse estar mais otimista quanto às perspectivas de obter a autorização.
Em cima da mesa estiveram também temas como o reforço das defesas aéreas da Ucrânia.
“Discutimos com o primeiro-ministro a forma de aumentar a nossa defesa contra o terror russo e de aproximar uma paz justa. Aspectos fundamentais para essa defesa aérea são o fornecimentos de 'Patriot' (sistema de defesa aérea), mísseis, aumento da nossa frota de F-16. Temos ideias a esse respeito”, explicou o presidente Ucraniano.
Países Baixos vão fornecer ajuda à Ucrânia
Schoof explicou que os Países Baixos vão fornecer cerca de 200 milhões de euros para a reparação de infra-estruturas energéticas e para assistência humanitária.
O dinheiro, segundo a agência Reuters, provém de um fundo de ajuda de 400 milhões de euros que o governo holandês prometeu à Ucrânia no início deste ano.
“Este apoio suplementar destina-se a proteger e a reparar as infra-estruturas energéticas que a Rússia está a tentar destruir com os seus ataques criminosos. (...) O pacote inclui fundos para a reparação das infraestruturas energéticas e para a compra de novas turbinas de gás e de materiais essenciais. Inclui também financiamento adicional para assistência humanitária, saúde mental e apoio psicológico e desminagem”, explicou o primeiro-ministro dos Países Baixos.
Relativamente à situação na linha da frente, o presidente ucraniano afirmou que a incursão na região ocidental russa de Kursk estava a decorrer “de acordo com o plano”.
Josep Borrell diz ser necessário o levantamento das restrições
Há muito que a Ucrânia tem apelado aos parceiros que permitam o uso de armas de longo alcance, principalmente desde a intensificação dos ataques aéreos russos contra instalações energéticas e infraestruturas e edifícios residenciais.
Na semana passada, o chefe da diplomacia europeia disse ser necessário o levantamento das restrições ao uso de armamento na Ucrânia. Para Josep Borrell, só assim Kiev poderá defender-se.
“Precisamos levantar as restrições à utilização de armamento contra alvos militares russos, em conformidade com o Direito Internacional”, explicou Borrell.
Declarações proferidas na quinta-feira passada à entrada da reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia. Nessa altura, também o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmitry Kuleba, instou a UE a levantar as restrições de armamento.