A guerra na Ucrânia está a ter impactos no meio ambiente. A perda de biodiversidade já atingiu valores incalculáveis.
A vítima silenciosa dá sinais de querer renascer, para dar corpo ao que agora vive só na memória.
“Durante o meu trajeto diário para casa, costumava conduzir e apreciar a paisagem”, desabafa Serhiy Tsapol, ranger florestal na Ucrânia. “Agora, quando conduzo, prefiro olhar só para a estrada. Se olhar para os lados, vou ver algo que me corta a alma.”
O que resta, perante a guerra, é uma paisagem vazia. Escurecida.
Vida selvagem, nem vê-la. Nestes campos de terra queimada, os mísseis substituem a fauna e a flora.
O governo ucraniano estima que serão necessários muitos anos para recuperar a floresta e adivinham-se problemas futuros quando for preciso apagar fogos.
Cuidar das florestas é hoje uma ocupação perigosa. Oleksandr Polovynko, também ele ranger florestal, pisou uma mina durante o trabalho.
“Arrastei-me de volta para o carro e conduzi para casa só com uma perna”, conta.
Desminar todas as florestas e terras agrícolas poderá levar mais de 70 anos.
E, entretanto, o solo fértil da Ucrânia, que ajudou o país a ser conhecido como o celeiro da Europa, está a ser contaminado com metais pesados, tóxicos e cancerígenos.
O trabalho de limpeza não é, contudo, prioridade num país a meio de uma guerra e com os olhos focados no sofrimento humano.