Os mais recentes acontecimentos no conflito da Ucrânia estão a deixar os refugiados que vivem em Portugal receosos. A SIC foi a um centro de acolhimento falar com quem fugiu da guerra e perceber como é que os ucranianos em território luso veem a possibilidade de uma escalada da guerra.
Yuliia Nikolaienko não consegue conter as lagrimas ao ouvir a notícia do lançamento dos primeiros mísseis de longo alcance contra a Rússia e imaginar uma possível resposta.
"Para mim, o Putin faz uma propaganda muito intensa. Espero que nunca seja usada uma bomba nuclear, espero, porque é das últimas coisas que os humanos podem fazer. É uma coisa de loucos. Mas espero, não sei, mas espero que seja propaganda", refere.
Iliia Nikolaenko, que recebeu a notícia ao lado da compatriota, não está otimista:
"É uma pergunta difícil para mim. Não sei, espero que não, que os russos não usem a bomba nuclear, mas já vimos que qualquer coisa neste mundo é possível."
Yullia fugiu da guerra com a filha e a cadela Nita, enquanto Illia veio ao encontro da mãe.
Encontraram refúgio no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde, mas confessam que gostavam de voltar à Ucrânia. Contudo, não veem um fim para o conflito.
"Para mim não são mil dias, infelizmente. Para mim são quase dez anos. O meu país tem um enorme problema, estou muito preocupada. os meus pais vivem numa cidade ocupada, é um grande problema, não os posso ver, abraçar e não sei quando vou poder abraçá-los. É um grande problema, é muito triste", confessa Yullia.
O ucraniano também pretende voltar, no entanto considera que o mundo pode estar a assistir ao "início da Terceira Guerra Mundial".
Milhares de ucranianos fugiram do conflito desde que a guerra começou, em fevereiro de 2022.
O Seminário do Bom Pastor, por exemplo, já acolheu 300 refugiados e, neste momento, aloja 34 pessoas.