Ana Cavalieri admite que Zelensky vai ter de ceder territórios, para que a guerra na Ucrâniachegue ao fim. A comentadora SIC alerta, contudo, que essa cedência tem de vir acompanhada de garantias de segurança - e que, para já, tudo o que tem estado em cima da mesa beneficia mais a Rússia do que a Ucrânia.
Tanto o acordo para o cessar-fogo no Mar Negro, como o entendimento sobre as infraestruturas de energia são, aos olhos de Ana Cavalieiri, dois tópicos em que Moscovo sai mais beneficiada do que Kiev.
“Aquilo que beneficiaria mais a Ucrânia seria uma cessação das hostilidades em Kherson, Donetsk, em Kursk”, contrapõe.
A comentadora defende que é importante que a este cessar-fogo fiquem associadas condições de segurança, para que, daqui a uns anos, a Rússia “não consiga reerguer a sua capacidade bélica para voltar a tentar tomar Kiev”.
Para tal, admite Ana Cavalieiri, a Ucrânia terá de ceder terras, mesmo que não formalmente, mas através do “congelamento das linhas da frente e uma zona desmilitarizada”. Em territórios, aponta, de que a Rússia quer ter controlo, como Lugansk, Donetsk, Crimeia.
"A parte mais difícil das negociações”
Essa cedência, insiste, tem de ser acompanhada de ajuda militar. “No fundo, armar a Ucrânia até aos dentes, e também forças de manutenção da paz.”
Essa, indica, será “a parte mais difícil das negociações”, para a qual Trump“ainda não consegue obter resposta”.
“Porque a Rússia diz que não irá aceitar qualquer força da NATO, mesmo que não estejam sob missão da NATO”. Ou seja, se França e Inglaterra quiserem ter soldados no terreno, não será aceite pelo Kremlin.
Mesmo na Europa, nota, não há um consenso sobre quem participará, e em que medida, nessa proteção da Ucrânia.
“A Polónia tem uma opinião diferente da Itália, que tem uma opinião diferenteda Inglaterra,...”
“Se Trump não conseguir providenciargarantias de segurança efetivas a Zelensky, não existe possibilidade política e condições de segurança - não só para a Ucrânia como para os próprios Estados Bálticos - para aceitarum acordo em que ceda os territórios”, conclui. “Sem isso, Zelensky não irá poder aceitar e a Europa irá ficar muito fragilizada.”