Chama-se TerMIT - ou térmita, em português - e, tal como o inseto, este drone terrestre consegue abrir caminho em qualquer situação. É isso que garantem os fabricantes ucranianos que desenvolveram este sistema robótico para missões militares de alto risco.
“A nossa ideia é muito simples: quem deve combater são as máquinas, não as pessoas. As pessoas devem apenas controlá-las. Porque a vida é o bem mais precioso que temos. (…) Foi por isso que criámos estes robôs: para combaterem, enquanto nós apenas os operamos”, afirma Maksym Vasylenko, diretor da empresa Tencore.
Como muitas histórias na Ucrânia, tudo começou com um grupo de amigos que quis ajudar os que tiveram de pegar em armas e ir para a linha da frente.
Criada num ambiente de urgência, esta máquina é todo-o-terreno. Foi feita para soluções modulares e rápidas - sobretudo para ganhar tempo, um bem essencial num ambiente de guerra. Serve para operações logísticas, de desminagem e também para evacuação de feridos.
“Algumas unidades cobriram toda a logística com estes robôs e deixaram de usar veículos blindados para essas funções. Assim, não perdem equipamento que devia estar reservado para tarefas mais exigentes. E poupam também os soldados de questões logísticas - eles que carregavam cerca de 40 quilos às costas, chegavam exaustos e ainda tinham de combater. Agora, entre 15 e 30 toneladas de material é transportado, por semana, apenas com robôs”, explica MaksymVasylenko.
Ucrânia é vitrine de tecnologia de defesa
Em três anos de guerra em larga escala, a Ucrânia aumentou 35 vezes a capacidade da indústria de defesa. O governo de Volodymyr Zelensky tem feito um esforço para mostrar o país como uma vitrine de desenvolvimento tecnológico e aposta num futuro de exportação.
Mas Maksym Vasylenko diz que, por enquanto, os parceiros ocidentais estão apenas interessados na tecnologia e não no produto.
"Nós, ucranianos, criámos isto no nosso próprio território, com o nosso dinheiro. Pagámos com o sangue dos nossos soldados. E eles só querem a tecnologia. Por isso, faz muito mais sentido criar empresas conjuntas com companhias ucranianas”, defende.
“Nós temos que nos tornar num país que mostra a sua capacidade de engenharia. E todos vão querer trabalhar connosco, não só comprar algo. Porque isto não são munições. Munições compram-se e usam-se. Isto são tecnologias conquistadas com muito esforço”, frisa.
Um robô são dezenas de vidas humanas
Cada robô representa dezenas de vidas humanas. As contas que Maksym faz são simples: quando um soldado morre, a compensação paga pelo Estado ronda os 370 mil euros. Este térmita pode custar entre 12 a 60 mil. Por isso, mesmo olhando apenas para os números, parece que compensa muito mais deixar os robôs lutar.
“Gostava muito que tudo terminasse este ano. Era o que queria no ano passado, e também no ano anterior. Mas não há sinais claros, e mesmo falando com muitas pessoas, ninguém consegue dar uma previsão certa”, declara Maksym Vasylenko.
“A Europa vive num mundo cor-de-rosa. Nós vivemos noutra realidade. Por isso, não temos uma visão de quando isto vai acabar”, lamenta.
Uma realidade onde o progresso avança lado a lado com a destruição.